terça-feira, 22 outubro, 2024

A IGREJA ANGLICANA É CATÓLICA

A Igreja Anglicana é Católica, pois conserva e professa os antigos Credos e Sacramentos, tal como reconhecido pelo Concílio Vaticano II no Decreto Unitatis Redintegratio (n. 13), que afirma que “certos elementos ou bens, pelos quais a própria Igreja é edificada e vivificada, podem existir fora dos limites visíveis da Igreja Católica Romana”, referindo-se especificamente aos sacramentos, escrituras e tradições presentes na Comunhão Anglicana. A fé que a Igreja Anglicana ensina não é outra senão a fé católica. Nem mais, nem menos. Todos os seus ensinamentos se fundamentam na Igreja primitiva e indivisa, como é expresso nos Credos Niceno-Constantinopolitano e Apostólico.

A fé católica, como ensinada pelos Anglicanos, deve se ajustar a três critérios: As Sagradas Escrituras, a Tradição da Igreja, e a Razão, iluminada pela fé. Este princípio trino foi reconhecido pelo Papa Leão XIII na encíclica Apostolicae Curae (1896), que, embora crítica de certas ordens anglicanas, reafirmou a presença de práticas sacramentais católicas e teologia robusta entre os anglicanos.

As Sagradas Escrituras contêm a essência da fé, falam de Deus e revelam Seu plano de salvação. Por meio delas, conhecemos a vontade de Deus, encarnada em Jesus Cristo, conforme reconhecido pelo Catecismo da Igreja Católica (CIC 132), que afirma que “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como venera o Corpo do Senhor”, um princípio partilhado tanto pelos católicos romanos quanto pelos anglicanos.

A Tradição é a comunicação e transmissão da fé ao longo dos séculos, como explicitado no Código de Direito Canônico, cânone 750 §1, que declara que as verdades da fé “transmitidas pela Sagrada Tradição” devem ser acreditadas por todos os fiéis. Este conceito está também presente na Comunhão Anglicana, onde os documentos como os Thirty-Nine Articles e o Book of Common Prayer são expressões históricas e litúrgicas desta Tradição viva.

A Razão, iluminada pela fé, nos ajuda a entender e aplicar a doutrina e a prática da Igreja em situações específicas. Esta ênfase no papel da razão, claramente articulada pelos teólogos anglicanos como Richard Hooker, está em consonância com o reconhecimento do uso da razão na interpretação da fé pela Igreja Católica Romana, como indicado na encíclica Fides et Ratio (1998) do Papa João Paulo II, onde é sublinhado que “fé e razão são como as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade”.

A Igreja Anglicana, assim como a Igreja Católica Romana, fomenta em seus fiéis o uso da razão para explorar e compreender as obras de Deus e para tomar decisões moralmente responsáveis, sempre sob a orientação do Espírito Santo (CIC 1785), em busca da verdade e do bem comum.

Texto: Dom Frei Lucas Macieira da Silva
Arcebispo Primaz da Comunhão Anglicana Livre Internacional no Brasil
Teólogo,Jornalista Social e Escritor.
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Redação Gazzeta Paulista
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