segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

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A Igreja Primitiva e o Erro Histórico sobre Constantino: A Verdadeira Origem da Igreja Católica

A ideia de que o imperador Constantino fundou a Igreja Católica é um erro histórico recorrente. A Igreja Primitiva não nasceu no século IV, mas sim no primeiro século, logo após a ressurreição de Jesus Cristo, no evento conhecido como Pentecostes. A expansão da fé cristã ocorreu muito antes da conversão de Constantino, impulsionada pela diáspora dos apóstolos e discípulos, que, sob perseguição, espalharam o Evangelho por diversas partes do mundo.

Constantino, no ano 313 d.C., com o Édito de Milão, apenas concedeu liberdade religiosa aos cristãos e legalizou a Igreja, mas não a fundou. Neste artigo, vamos explorar a verdadeira história da Igreja Primitiva, seus fundamentos bíblicos e históricos e desmistificar a ideia de que Constantino foi seu fundador.

1. A Igreja Primitiva: Origem e Expansão

A Igreja Cristã foi fundada pelo próprio Jesus Cristo e inaugurada no Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os discípulos reunidos em Jerusalém (Atos 2). Naquele momento, Pedro pregou, e cerca de três mil pessoas foram batizadas, marcando o início visível da comunidade cristã.

Os primeiros cristãos eram judeus convertidos e praticavam a fé em Cristo como cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Eles se reuniam para orações, partir do pão e ensinamentos apostólicos (Atos 2:42-47).

Com o aumento da perseguição promovida pelo Império Romano e pelos líderes judaicos, muitos cristãos fugiram de Jerusalém, levando a mensagem de Cristo para diversas regiões, como Antioquia, Roma, Alexandria e outros centros urbanos do mundo antigo.

2. A Igreja Antes de Constantino: Crescimento e Perseguição

A Igreja cresceu rapidamente nos primeiros três séculos, apesar das perseguições promovidas por imperadores romanos como Nero, Domiciano, Décio e Diocleciano. Durante esse período, os cristãos eram frequentemente presos, torturados e mortos por se recusarem a adorar os deuses romanos.

Mesmo sob intensa perseguição, a Igreja se organizava sob a liderança de bispos (epíscopos), presbíteros (anciãos ou padres) e diáconos, como descrito no Novo Testamento (1 Timóteo 3:1-13, Tito 1:5-9). Os cristãos realizavam cultos nas casas e, posteriormente, em catacumbas para evitar as autoridades.

A unidade e a doutrina eram mantidas por meio de cartas apostólicas e reuniões de bispos em concílios regionais. Um dos primeiros registros históricos sobre a sucessão apostólica está na Carta de Clemente aos Coríntios (c. 96 d.C.), onde Clemente, bispo de Roma, reafirma a autoridade dos bispos na liderança da Igreja.

3. O Papel de Constantino: Oficialização e Mudanças Administrativas

Em 313 d.C., Constantino, após sua suposta conversão ao cristianismo, promulgou o Édito de Milão, garantindo liberdade de culto aos cristãos e restituindo propriedades confiscadas. No entanto, isso não significou a criação da Igreja Católica, mas apenas seu reconhecimento oficial pelo Estado Romano.

Posteriormente, Constantino convocou o Concílio de Niceia (325 d.C.), para resolver a controvérsia ariana sobre a divindade de Cristo. Este foi um dos primeiros concílios ecumênicos da Igreja e teve como principal resultado a formulação do Credo Niceno, que reafirmava a fé na Trindade.

Ao longo do tempo, a Igreja passou a adotar algumas estruturas administrativas do Império Romano, como as paróquias, prelazias e províncias eclesiásticas. No entanto, sua essência doutrinária permaneceu fundamentada nos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos.

4. A Igreja Católica Antes de Constantino

O termo “católico” (do grego καθολικός, “universal”) já era usado para descrever a Igreja muito antes de Constantino. Um dos primeiros registros escritos do termo está na Carta de Inácio de Antioquia aos Esmirnenses (c. 107 d.C.), onde ele declara:

> “Onde quer que esteja o bispo, ali está a comunidade, assim como onde quer que esteja Cristo Jesus, ali está a Igreja Católica.”

A Igreja sempre teve uma estrutura episcopal, e os bispos eram considerados sucessores dos apóstolos. Entre os mais notáveis líderes da Igreja Primitiva, podemos citar:

Clemente de Roma (c. 96 d.C.) – escreveu uma epístola reafirmando a sucessão apostólica.

Inácio de Antioquia (c. 107 d.C.) – usou o termo “Igreja Católica” e defendeu a autoridade dos bispos.

Policarpo de Esmirna (c. 155 d.C.) – discípulo do apóstolo João, martirizado por sua fé.

Irineu de Lyon (c. 180 d.C.) – reforçou a sucessão apostólica e a importância da tradição e das Escrituras.

Esses líderes foram fundamentais para a preservação da doutrina cristã muito antes de Constantino.

5. A Estrutura Clerical da Igreja de Cristo

Desde os tempos apostólicos, a Igreja manteve um clero baseado em três cargos principais, conforme descrito no Novo Testamento:

1. Epíscopo (Bispo) – Responsável pela liderança das igrejas locais e sucessor dos apóstolos.

2. Presbítero (Padre ou Ancião) – Auxiliava os bispos no ensino e nos sacramentos.

3. Diácono – Servia a comunidade cristã, auxiliando nas necessidades práticas da Igreja.

Esse modelo foi seguido nos primeiros séculos e permaneceu na tradição da Igreja, enquanto títulos como “papa”, “cardeal” e “arcebispo” surgiram posteriormente por razões administrativas e organizacionais.

Conclusão: Constantino Não Fundou a Igreja

A Igreja de Cristo não foi fundada por Constantino, mas sim por Jesus e pelos apóstolos no Pentecostes. O cristianismo cresceu e se consolidou durante os três primeiros séculos, mesmo sob severas perseguições.

O imperador Constantino apenas legalizou o cristianismo e concedeu-lhe um status privilegiado dentro do Império Romano, aproveitando-se de seu crescimento para fortalecer a unidade imperial. A Igreja Católica já existia antes de Constantino, e sua estrutura episcopal estava bem estabelecida.

A verdadeira fundação da Igreja está no sacrifício de Cristo na cruz, que restaurou a conexão entre Deus e a humanidade. A cruz não representa uma imposição estatal, mas sim o amor e a redenção oferecidos por Jesus. Portanto, afirmar que Constantino fundou a Igreja é um erro grave que ignora a história e a fé cristã.

Fontes e Referências Históricas

Bíblia Sagrada (Atos 2, 1 Timóteo 3, Tito 1)

Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica (séc. IV)

Carta de Clemente aos Coríntios (c. 96 d.C.)

Cartas de Inácio de Antioquia (c. 107 d.C.)

Irineu de Lyon, Contra as Heresias (c. 180 d.C.)

Édito de Milão (313 d.C.)

Concílio de Niceia (325 d.C.)

Materia de Dom frei Lucas Macieira da Silva, Prof.Teólogo Jornalista social e escritor

Redação Gazzeta Paulista
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