De Assis (SP) para o mundo, o especialista Henrique Gardim de Melo é um dos brasileiros que elevaram o martelinho de ouro a outro patamar. No setor desde 2015, ele transformou uma habilidade artesanal em um negócio internacional, com atuação em países como Turquia, Marrocos, Argentina, Uruguai, Itália, França, México e Espanha. Além de dominar reparos em veículos atingidos por granizo, Henrique se especializou em um dos segmentos mais complexos da área: o de carros blindados.
O que nasceu como uma técnica manual para remover amassados da lataria dos veículos sem necessidade de repintura tornou-se uma das áreas mais promissoras do setor automotivo. O martelinho de ouro, conhecido internacionalmente como Paintless Dent Repair (PDR), vive uma fase de expansão global — e o Brasil é um dos países que mais se destacam nesse mercado bilionário.
De acordo com a Grand View Research, o mercado mundial de reparos automotivos, que inclui o PDR, movimentou US$ 199,56 bilhões em 2023 e deve crescer 1,9% ao ano até 2030. No mesmo período, o mercado de ferramentas para PDR deve atingir US$ 2,82 bilhões, com taxa anual de 6%, segundo a Verified Market Research. No Brasil, o segmento também avança: avaliado em US$ 236 milhões em 2024, deve chegar a US$ 481 milhões até 2033, com crescimento médio anual de 8,1%, de acordo com a Skill Data Trends Sphere.
Entre os fatores que impulsionam o crescimento estão o aumento de sinistros veiculares, a ocorrência de eventos climáticos extremos, como chuvas de granizo, e o desenvolvimento de materiais automotivos mais leves e sofisticados. Além da eficiência, a técnica se consolida como uma solução sustentável, por eliminar o uso de tintas e solventes químicos e reduzir o desperdício de peças.
Mas além do avanço tecnológico, há outro elemento impulsionando o setor: o talento humano. E é justamente nesse ponto que o Brasil se destaca. Reconhecidos pela precisão e pela criatividade, os profissionais brasileiros de martelinho de ouro são altamente requisitados em fábricas e montadoras de diversos países.
“Enquanto em muitos lugares o padrão é trocar peças danificadas, no Brasil aprendemos a recuperá-las. Essa capacidade técnica e de adaptação faz com que o profissional brasileiro seja muito valorizado”, afirma Henrique Gardim de Melo, proprietário da HGardim PDR Company.
No Brasil, Henrique se especializou no reparo de carros blindados — um nicho de alta complexidade e demanda crescente, especialmente em São Paulo, onde se concentra o maior número de veículos desse tipo no país. “O carro blindado possui uma manta antibalística que impede o acesso direto à lataria, exigindo técnicas externas de colagem e muita precisão. Poucos conseguem executar esse tipo de trabalho com perfeição”, explica.
Com empresas ativas no Brasil e na Espanha, o técnico agora planeja expandir para os Estados Unidos, onde o PDR está em plena ascensão. “O martelinho de ouro é um dos segmentos mais promissores da indústria automotiva. Quero formar equipe, gerar empregos e consolidar o nome do Brasil como referência em qualidade e inovação”, projeta.
O sucesso de profissionais como Henrique reflete uma tendência mais ampla: o martelinho de ouro deixou de ser apenas uma profissão técnica para se tornar um modelo de empreendedorismo, unindo conhecimento prático, inovação e oportunidades globais.
Com o crescimento do setor e a reputação dos brasileiros, a ferramenta que antes apenas consertava amassados hoje abre portas para negócios de alto potencial em todo o mundo.


























