“Maicosillo” do meu coração… Onde estiveres, nas estrelas ou em outra dimensão… Tem-se passado 328 dias desde tua partida, devia ser um dia feliz pelo teu aniversário como sempre foi. Lembro da última vez de teus 22 aninhos, que você ficou triste comigo porque esperava de presente um carro básico para ir cedo aos lugares periféricos da cidade, fazer atendimentos a população e terminar teu internato médico, como eu tinha feito anos antes com teus irmãos mais velhos, agora médicos. Eu tinha planejado para te dar um carro lindo azul-escuro umas semanas mais tarde, mas eu errei no meu planejamento… me perdoa, filho. Com olhos embaçados te confesso isto… nós os homens planejamos, mas são os deuses os que decidem… Recentemente ao ver as câmaras corporais dos outros dez policiais envolvidos no crime que te vitimou, entregues recentemente, naquela madrugada fatídica do 20/11/2024, eu chegando no hotel alertado de uma emergência contigo, ao desembarcar imediatamente no lugar cheio de policias militares, sem eu saber até este instante, pedi informações e ajuda aos assassinos Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, que ao me identificar como teu pai e médico, se afastaram de mim rastejando como répteis humanos. Depois de terem agido criminosa e cruelmente, mentiram descaradamente para seus colegas como uns doentes de maldade, tão covardes que podem levar ao Brasil a não ser somente no mundo conhecido pelo fato de ser o país do futebol, do samba, o país grandioso territorialmente e em população, mas também… o país com a Polícia Militar mais violenta e mais covarde do mundo. Acordo hoje como todo dia, sentindo na alma a falta de teu sorriso, tua voz alegre tua conversa simples. Lágrimas escorregam no meu rosto ao te pedir perdão, filho, por não ser um pai melhor, por não poder te proteger aquela noite, de ter chegado minutos depois a atentado. Durante quase 40 anos de médico especializado em urgências, com as minhas próprias mãos e junto à equipe de profissionais de plantão, salvei centenas de vidas, mas eu não consegui salvar a tua. Por que os deuses permitiram que te arranquem de mim? Somente saberei o dia do meu encontro com o Criador. Sempre tentei ser bom homem. Meu primeiro livro de corte científico foi intitulado “Y Dios tenía razón…” com centenas de referências científicas sustentando sua hipótese e meu último paper querendo salvar a Humanidade se intitulou “….The last chance before the nucler Apocalypse”. Mas mesmo assim, eu não devo ter sido um bom cientista, nem um bom pai presente… Eu pensava que já não ia morrer mais. Que o destino já tinha acertado o meu karma quando esses dois policiais ceifaram a tua vida naquela noite e partiste nos meus braços e contigo se foi a minha essência. Mas morri uma vez mais, horas depois quando com tua mãe assistimos as imagens do hotel mostrando a covardia e as falsidade dos policiais militares e nos dias seguintes quando a Policia Militar divulgaram mentiras e difamações sobre você. Incrivelmente, morri outra vez mais quando vi as próprias câmaras corporais dos próprios policiais militares covardemente te executando você estando encurralado. Morri outra vez mais no 13/01/2025, o dia de eu me tornar oficialmente um idoso, quando a juíza Scorza me presenteou mantendo soltos e livres aos assassinos e exatamente no mesmo dia, e coincidentemente, o Governador Tarcísio respondendo a carta pedido de tua mãe, respondeu ironicamente que nos compreendia, mas que não demitiria o Secretario de Segurança, nem expulsaria aos soldados assassinos, nem pediria desculpas a outras mães de outros inocentes assassinados. Morri depois uma enésima vez estando na ONU em Genebra lutando por justiça, quando três desembargadores em segunda instancia, em uma ‘conversa de boteco’ decidiram manter livre e a serviço do Estado ao assassino que atirou sobre ti. Nestes tempos meu filho, de abusos contra pobres e inocentes, de práticas de ritos nazistas, demonstrando a maior crueldade e covardia da Policia Militar, enfrentei todo tipo de altas autoridades governamentais, e quando ia ter à frente e encarar pela primeira vez aos dois assassinos na primeira audiência judicial, eles foram protegidos de mim, fugiram e na sequência pediram a juíza uma liminar protetiva contra mim. Em que mundo ao avesso vivemos? Chorei de impotência… Como ocorreu tanta maldade dos funcionários que deviam proteger a vida e ao contrário conspiram contra ela? Policiais militares, Comandantes da Policia Militar, delegadas da Polícia Civil, Juízes, Desembargadores, Secretários de Segurança, e o mesmo Governador de São Paulo que permitiram aos assassinos andar soltos, recebendo salários, bebendo cerveja e dançando nas festas, entretanto, um inocente e uma família mais morriam dia a dia. Esta cidade onde impera a violência e impunidade da Polícia Militar assim como de seus protagonistas, inspiradores e protetores levaram ao Estado de São Paulo, a ser chamada pelos ingleses de “Death City” e pelo ministro Lewandowsky de “Far West”, uma verdadeira Palestina Latina, que vai ficar não somente nas notícias, mas também na História escrita com a tinta do sangue e das lagrimas dos inocentes. “Maicosillo”, teu sacrifico assim como dos outros jovens inocentes não será em vão. Vocês se foram para que outros possam ficar. Não descansarei para conseguir a prisão e a pior condena para esses assassinos, assim como de outros que foram cúmplices e protegeram causando a maior dor da família assim também de outros inocentes. Uma tal justiça dos homens, porque aquela de Deus não cabe a nós… Nesta vida, de um ser sem vida em que me tornei, onde cada dia é o último, lembro a minha promessa feita a você frente a uma multidão:
“…Quando na minha luta tiver batalhas perdidas, retrocessos e resistências, ficarei triste e desolado, sim, mas depois me levantarei e sorrirei.
Sempre seguirei sorrindo!”
Marco Aurélio, você já entrou na História, agora a Literatura te espera…!
Vila Mariana, São Paulo, 14 de outubro de 2025
Dr. Julio C. Acosta Navarro, PhD
Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo


























