Durante o segundo dia da Pre-COP, nesta terça-feira, 14/10/2025, em Brasília, o economista brasileiro José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Columbia (EUA) e conselheiro da COP30, apresentou propostas para fortalecer os mecanismos de financiamento climático global. Ele destacou o papel do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e de novas formas de financiamento para adaptação como caminhos para alinhar a economia internacional à agenda climática e promover uma transição justa.
Scheinkman mencionou o TFFF como uma iniciativa capaz de equilibrar o pagamento pela captura de carbono e o incentivo à preservação florestal em países tropicais. “É uma ideia muito boa, porque é importante que a captura de energia seja paga pelo adicional, mas também que os países com florestas tropicais, que têm menos oportunidades de capturar energia, sejam reconhecidos”.
Segundo ele, o modelo pode gerar incentivos econômicos diretos à conservação. “O programa de captura e pagamento pelo efeito líquido leva o Brasil a preservar, porque o custo sombra do desmatamento aumenta muito. É um programa interessante e com grande potencial catalítico”.
Ao abordar o financiamento para adaptação, Scheinkman defendeu mecanismos inovadores e socialmente justos, capazes de proteger populações mais expostas aos impactos do aquecimento global. “Estamos propondo mecanismos que poderiam funcionar como uma espécie de bolsa família, ativada apenas em períodos de calor extremo”.
O conselheiro ressaltou também a importância de destinar recursos diretamente às comunidades locais, fortalecendo a capacidade de resposta a eventos climáticos. “Quando há um desastre climático em países mais pobres, ocorre aumento da migração e agravamento da dívida pública. Por isso, defendemos a criação de mecanismos de debt swap, que permitam o perdão de parte da dívida em troca de investimentos em adaptação”.
Para Scheinkman, fortalecer o financiamento climático é essencial para garantir uma transição justa, especialmente em países em desenvolvimento. As propostas integram um relatório independente elaborado por um conselho internacional de economistas, que será apresentado à Presidência da COP30.