Hoje, 21 de janeiro, é celebrado no Brasil o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, uma data que nos convida à reflexão sobre a importância da convivência pacífica entre as diversas manifestações de fé que compõem a riqueza cultural e espiritual do país. Este dia, instituído em memória de Mãe Gilda, sacerdotisa do candomblé que foi vítima de intolerância religiosa, reforça a necessidade de respeito e proteção às diferentes expressões de fé, pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O Brasil é um país marcado pela pluralidade religiosa. Aqui, convivem vertentes do cristianismo, como católicos e evangélicos, religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, movimentos espirituais orientais, o espiritismo kardecista, além de inúmeras outras tradições religiosas e filosofias de vida. Cada uma dessas manifestações é reflexo da busca humana por sentido, conexão com o divino e comunhão comunitária.
Respeito: Um Valor Universal
A verdadeira harmonia social não se alcança pela imposição de crenças ou pela supremacia de uma doutrina sobre as demais. O respeito às práticas e crenças alheias é um valor universal que deve ser promovido por todos, independentemente do tamanho ou da influência de uma instituição religiosa. Deus, o Criador, como muitos creem, transcende qualquer definição institucional. Ele não possui placa, denominação ou monopólio. Cada grupo, ao buscar sua expressão espiritual, reflete apenas uma faceta da imensa diversidade humana e divina.
É imprescindível lembrar que a intolerância religiosa fere tanto o direito individual à liberdade de crença quanto os princípios constitucionais que garantem a laicidade do Estado brasileiro. Quem não respeita por amor ou convicção, deve aprender a respeitar pela força da lei. A legislação brasileira, como a Lei nº 7.716/1989, que criminaliza a discriminação ou preconceito religioso, e a Constituição de 1988, que assegura a liberdade de culto, são instrumentos fundamentais para coibir práticas de intolerância e preconceito.
Caminhar Juntos na Diversidade
Apesar de nossas diferenças, o caminho para uma convivência pacífica está na compreensão de que, no final das contas, todos pertencemos à mesma humanidade e ao mesmo planeta. Independentemente de como cada grupo entende ou se relaciona com o divino, todos somos parte da criação divina, que se manifesta de formas diversas. Assim, ao invés de disputas ou exclusões, o foco deve estar na cooperação e no diálogo inter-religioso.
Este dia nos lembra que, ao final, todos retornaremos à Mãe Terra, unindo-nos à criação definitiva de Deus. Que as lições de respeito e amor ao próximo possam guiar nossas ações e inspirar uma sociedade que acolha a diversidade como um valor, não como um obstáculo.
Saudamos todas as manifestações religiosas do Brasil, cristãs ou não cristãs, e celebramos a pluralidade que torna nosso país único. Que o respeito e a paz prevaleçam em nossos corações e em nossa convivência.
Por Dom Frei Lucas Maceira
Diocese Anglicana Católica do Brasil