No alvorecer de um tempo pascal, o mundo se despede de uma das figuras mais emblemáticas da história da Igreja contemporânea. O Santo Padre, o Papa Francisco, viveu intensamente os últimos 50 dias de sua missão terrena. Foram 38 dias de internação, enfrentando o sofrimento com serenidade, atravessando toda a Semana Santa com o coração firmado na Cruz e, logo após celebrar a Ressurreição do Senhor, no dia seguinte, também fez sua Páscoa definitiva.
Francisco morreu em odor de santidade. Não houve sofrimento prolongado. Sua partida foi rápida, tranquila, como quem se despede depois de cumprir com fidelidade uma missão divina. Antes de partir, abençoou não apenas os católicos romanos, mas todos aqueles que, cristãos ou não, encontraram nele um sinal do amor de Deus. Francisco foi, até o último instante, um Papa do povo, da paz e da proximidade.
UM HOMEM FORA DA CAIXA
Francisco jamais se encaixou nos moldes do tradicionalismo. Seu papado foi marcado por gestos de profunda empatia, por uma abertura ao diálogo inter-religioso, e por um apelo constante à misericórdia. Foi criticado por alguns por sua ousadia, mas amado por milhões por sua autenticidade. Escolheu caminhar com os pobres, tocar os excluídos, acolher os marginalizados, lembrar que o Evangelho é, antes de tudo, Boa Nova para todos — sem distinções.
Seu pontificado não buscou reformas estruturais apenas. Francisco queria mais: ele queria restaurar. Restaurar a Igreja das origens, a Igreja de Atos dos Apóstolos, que partilhava o pão, vivia em comunhão e servia com humildade. Como o Francisco de Assis que inspirou seu nome, este Papa também ouviu o chamado para “restaurar a minha Igreja” e respondeu com coragem, não com martelos e pregos, mas com o Evangelho vivo e encarnado.
O LEGADO DE FRANCISCO
O legado de Francisco será estudado por décadas. Suas encíclicas sociais, como Laudato Si’ e Fratelli Tutti, propuseram um novo pacto entre humanidade e criação, entre fé e solidariedade. Sua postura diante dos desafios do mundo moderno — migrantes, meio ambiente, economia excludente, guerras e polarizações — mostrou que o Evangelho continua atual e revolucionário.
Mais do que um Papa reformador, Francisco foi um Papa restaurador. Sua vida foi um testemunho de que a Igreja pode ser bela na simplicidade, rica na pobreza evangélica, poderosa na ternura. Ele desceu da cátedra, sentou-se ao lado do Zé Rabanho, caminhou com os pés descalços sobre o chão da vida real. Deixou a mitra de lado para colocar um boné de gente.
VIVA FRANCISCO! SEMPRE PRESENTE
Hoje, a humanidade agradece. Agradece por ter vivido no tempo de Francisco. Agradece por sua coragem, por sua ternura, por sua firmeza evangélica. Francisco vive, agora, no coração dos pobres, dos pequenos, dos que nunca tiveram voz e que encontraram nele um Pastor.
Francisco, o Papa do povo. Francisco, o restaurador da Beleza da Igreja de Cristo. Francisco, sempre presente.
Viva Francisco!
Dom Frei Lucas Macieira da Silva-Arcebispo Primaz do Brasil-Diocese Anglicana Católica do Brasil
