quinta-feira, 21 novembro, 2024

G20 Social no Rio: Brasil impulsiona debate global sobre fome e pobreza com participação ativa da sociedade civil

Encontro preparatório do G20 Social destaca a urgência no combate à fome e à pobreza, reunindo movimentos sociais e sociedade civil para discutir soluções inclusivas e sustentáveis, com o Brasil liderando o diálogo global sobre segurança alimentar.

O combate à fome e à pobreza figura entre os desafios mais urgentes da humanidade. O tema foi definido como uma prioridade central nas discussões do G20 Brasil. Com mais de 700 milhões de pessoas no mundo passando fome, conforme o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI)”, publicado no final de julho pelas Nações Unidas, e com as desigualdades econômicas se agravando globalmente, a presidência brasileira do G20 intensifica os esforços para aprofundar o debate sobre o combate à fome, buscando soluções concretas e mobilizando diferentes setores da sociedade e líderes internacionais. 

Sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Rio de Janeiro foi sede do encontro preparatório da Cúpula Social do G20. Reunidos na Fundição Progresso nesta terça-feira (20), representantes de movimentos sociais e da sociedade civil brasileira participaram do evento que tem por objetivo fortalecer o diálogo entre a sociedade civil e os líderes das 20 maiores economias globais.

A participação da sociedade civil e dos movimentos sociais nos debates do G20 é uma novidade nas edições do fórum internacional. Essas vozes trazem para a mesa as realidades vividas por aqueles que são mais afetados pela fome e pela pobreza, e suas perspectivas são consideradas fundamentais para a construção de soluções eficazes e duradouras, como destaca Bárbara Loureiro, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Este encontro é fundamental porque estamos diante de um espaço onde as 20 maiores potências do mundo se reúnem. Precisamos garantir que a fome e a desigualdade sejam agendas centrais, e que a sociedade civil tenha voz nesse processo. São as pessoas e as organizações sociais que podem apontar soluções reais para os grandes dilemas da humanidade”, afirmou.

Bárbara destacou que, para superar a fome, é necessário ir além das soluções tradicionais. “Não resolvemos a fome apenas com agronegócio e produção de commodities. Pelo contrário, já existem soluções sendo construídas pelos movimentos camponeses em todo o mundo, que passam por democratizar o acesso à terra por meio da reforma agrária e promover a agroecologia. Precisamos garantir que as pessoas tenham acesso a alimentos saudáveis, produzidos em relações sociais justas,” acrescentou.

Conforme os especialistas convidados, a fome não é apenas uma questão de falta de alimentos, mas sim uma questão complexa que envolve a distribuição desigual de recursos, a degradação ambiental e a falta de acesso a meios de produção adequados. Foi consenso entre os participantes que é fundamental que os países discutam a necessidade de políticas agrícolas que priorizem a segurança alimentar e a nutrição, em vez da produção em larga escala voltada exclusivamente para a exportação e o lucro.

O papel da participação social na transformação

Elisabetta Recine, presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), avaliou a participação da sociedade civil no G20 como uma experiência transformadora. “Trazer a sociedade civil para discutir questões no G20, que tradicionalmente tem uma agenda rígida, é fundamental. Essa experiência brasileira de participação social tem muito a ensinar ao mundo,” pontuou.

Recine falou da importância de articular ações de curto e longo prazo no combate à fome e à pobreza. “Precisamos de uma combinação de ações imediatas, como transferência de renda e alimentação escolar, com transformações estruturais que abordem as raízes da fome e da pobreza. Somente assim poderemos garantir que os avanços sejam duradouros,” explicou.

Ela também ressaltou o papel do Brasil como exemplo na luta contra a fome. “O Brasil já saiu do mapa da fome antes, graças a uma articulação de políticas com a participação efetiva da sociedade. Agora, estamos caminhando para sair novamente, e essa experiência nos dá autoridade para falar sobre o tema no cenário global,” concluiu.

Outro ponto tratado apontou que a erradicação da pobreza requer mais do que programas de assistência temporários. Os participantes defenderam que é preciso investir em estratégias que promovam a autonomia econômica das populações vulneráveis. Isso inclui o fortalecimento das micro e pequenas empresas, a promoção da economia solidária, e o apoio à agricultura familiar, que desempenha um papel central na segurança alimentar global.

Propostas para o mundo do trabalho

Clemente Gunz Lucio, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais e membro do Conselho da Oxfam Brasil, trouxe para o debate a centralidade do trabalho no combate à pobreza. Ele apresentou quatro diretrizes principais: “Primeiro, é necessário um investimento robusto para apoiar micro e pequenas empresas, agricultura familiar e economia solidária. Em segundo lugar, devemos sustentar uma política de valorização do salário mínimo. Terceiro, precisamos oferecer formação profissional permanente para que os trabalhadores se adaptem às inovações. E, por fim, fortalecer os sindicatos para que eles possam regular as condições de trabalho”, categorizou.

Clemente também destacou a importância da mobilização popular para que essas propostas ganhem força. “Vamos apresentar essas ideias no G20, mas o objetivo é que as centrais sindicais e os sindicatos continuem a incidir nesse debate, trazendo para o G20 Social a perspectiva transformadora do mundo do trabalho,” concluiu.

A Cúpula Social do G20 será realizada entre os dias 14 e 16 de novembro no Rio de Janeiro, antecedendo a Cúpula dos chefes de Estado e de Governo. O encontro preparatório destacou a necessidade de uma abordagem inclusiva e abrangente para enfrentar os desafios globais de fome, pobreza e desigualdades, num cenário em que o Brasil se posiciona como um líder na promoção de uma agenda global voltada para o bem-estar social e a sustentabilidade.

Matéria envida pela assessoria de Comunicação do G20 no Brasil

Redação Gazzeta Paulista
Redação Gazzeta Paulista
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