Belo Horizonte (MG) – Entre os dias 10 e 15 de novembro de 2025, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sediou o II Seminário Internacional Pró-Reparações, um dos mais contundentes encontros acadêmico-políticos já realizados no país sobre justiça histórica, colonialismo e reparação aos povos negros e afrodescendentes.
Com caráter histórico, pedagógico e assumidamente político, o seminário reuniu pesquisadoras, lideranças internacionais, militantes do movimento negro e representantes da diáspora africana para enfrentar um tema que o Estado brasileiro historicamente evita: quem deve, quem paga e quem repara os crimes da escravidão e do colonialismo.
Vozes que rompem o silêncio institucional

Entre os destaques do evento esteve Luzia Munhoz, embaixadora dos Países Africanos de Língua Portuguesa, que defendeu a reparação como um direito internacional e não como favor político. Para ela, “não há democracia plena enquanto a herança colonial seguir naturalizada”.

A coordenação geral ficou a cargo de Profº Diva Moreira, que reforçou o seminário como espaço de produção de memória crítica, enfrentando o apagamento histórico imposto às populações negras. “Reparação é também reconstrução de narrativas”, afirmou.
Participaram ainda Dra. e Prof. Conceição Leal, Prof.ª Nice, Dra. Neli Edite (UFU) e o convidado internacional Agostinho (Porto Rico), ampliando o debate para além do Brasil e conectando experiências latino-americanas e africanas.

Reparações: tema incômodo, debate urgente
As mesas, rodas de diálogo e atos simbólicos deixaram claro que o debate sobre reparações segue sendo incômodo para governos, elites econômicas e parte da academia tradicional. Ainda assim, o seminário mostrou que a pauta avança, articulada entre universidades, movimentos sociais e lideranças internacionais.
As imagens do evento evidenciam diversidade geracional, protagonismo feminino negro e um ambiente que combina rigor acadêmico com emoção política — sinal de que a luta por reparações não é apenas teórica, mas profundamente vivida.

Um marco para o debate no Brasil
Ao final, o II Seminário Internacional Pró-Reparações consolidou-se como marco político e intelectual, reafirmando que discutir reparação é discutir democracia real, justiça social e futuro. O que está em jogo não é o passado, mas quem tem direito ao amanhã.

































