Nos anos dourados do rádio, quando as vozes brilhavam mais que as luzes da ribalta, um casamento selou o encontro entre fé, arte e rebeldia.
Foi o enlace de Yara Salino e Tarso Salino, astros das novelas radiofônicas que encantavam o Brasil, celebrado por ninguém menos que Dom Carlos Duarte Costa — o bispo que desafiou Roma e ousou fundar uma Igreja Nacional
A cerimônia, transmitida ao vivo do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, parou o país. Sob os microfones e os aplausos de uma plateia emocionada, Dom Carlos, ex-bispo de Maura, deu sua bênção à união, transformando o altar em um palco de liberdade. Artistas, jornalistas e personalidades do teatro e do rádio lotaram o templo, fazendo daquela celebração um manifesto de fé popular e de autonomia nacional.
Mais que um casamento, foi uma proclamação de independência religiosa — um ato público de amor e de coragem, onde a Igreja se fazia presente entre o povo e para o povo. O bispo de voz firme e coração brasileiro mostrava ali a face missionária e inclusiva de sua obra: uma Igreja viva, próxima dos artistas, dos operários e dos marginalizados — livre das amarras clericais e das pompas da Cúria.
A reportagem original, assinada por Demóstenes Varela e ilustrada por Cauiby Salles, capturou aquele instante raro em que o rádio, a arte e a fé cantaram em uníssono. Era o Brasil do pós-guerra, em busca de identidade e esperança, encontrando na figura de Dom Carlos um símbolo de resistência e de renovação espiritual.
Hoje, quase oitenta anos depois, este registro histórico ressurge restaurado e preservado no Arquivo Histórico da Diocese Anglicana Católica do Brasil, como testemunho do legado de Dom Carlos Duarte Costa — o Apóstolo do Brasil, que sonhou uma Igreja verdadeiramente viva, humana e brasileira.
Preservando a memória viva de Dom Carlos Duarte Costa, fundador do movimento de nacionalização da Igreja no Brasil.
Materia e Foto Por Dom Frei Lucas Macieira — Gazeta Paulista MG