segunda-feira, 30 de junho de 2025

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O Padre Nacional e Sua Ilusão: Por Que Torcer Pelo Papa Não Muda Nada

Em tempos de expectativa por mudanças no trono de Pedro, é curioso — para não dizer triste — observar padres nacionais, ou seja, separados da Igreja de Roma, ordenados fora da comunhão romana, vibrando, rezando e torcendo pela eleição de um cardeal conservador ou tradicionalista como próximo Papa. Padres que, quando muito, foram seminaristas ou vocacionados dentro da Igreja Romana, e que hoje, por sua escolha ou circunstância, já não pertencem mais àquela estrutura, comportam-se como torcedores de um time do qual nem mais fazem parte.

A pergunta que ecoa é simples: pra quê?

Não importa se o próximo Papa for conservador, liberal, progressista ou tradicionalista: para os padres nacionais, isso não muda absolutamente nada. Continuaremos sendo aquilo que somos — padres nacionais, sacerdotes de igrejas independentes, sem vínculo jurídico, canônico ou espiritual com Roma. Nem uma bênção papal irá conferir status, nem um “Papa da tradição” irá reconhecer ou validar nossos ministérios. No grande tabuleiro da Igreja Católica Romana, simplesmente não existimos.

Sejamos francos: o Vaticano sequer reconhece essas ordenações. Para Roma, quem foi ordenado fora da sua estrutura é, na prática, um leigo com pretensões de padre. Portanto, a ilusão de que um novo Papa tradicionalista trará algum tipo de alívio ou restauração para os padres nacionais é não apenas ingênua, mas profundamente alienante.

Enquanto alguns vibram por nomes e correntes que jamais olharão para nós, esquecem da luta real: evangelizar, formar comunidades vivas, conquistar corações e mentes, construir relevância espiritual onde de fato estamos — no chão duro da pastoral nacional.

Torcer para Roma, enquanto se vive separado de Roma, é como um filho renegado mendigar carinho à porta de um pai que o deserdou há décadas.

Pior ainda: é uma traição silenciosa ao espírito de Dom Carlos Duarte Costa e de tantos outros que ousaram dizer “não” às amarras do Vaticano e lutaram para afirmar a liberdade da Igreja no Brasil e no mundo. Se você é filho dessa história, ainda que hoje fora da ICAB ou de qualquer outra derivação, deveria ao menos ter memória e respeito por essa coragem.

Torcer por um Papa conservador não vai fazer de você menos “padre da sacola”, como muitos zombam. Não vai tirar você da periferia e nem colocá-lo nos salões dourados do Vaticano. Vai apenas reforçar o quanto ainda há de complexo de inferioridade entre nós.

Não sejamos tolos: a realidade é dura, e a única chance que temos de sermos “alguém” não é por quem senta no trono papal, mas pelo que fazemos no chão da nossa missão.

É hora de largar a batina romana (mentalmente falando) e vestir de vez a batina do Brasil, do povo, da liberdade conquistada — ou então, assumamos a vergonha de sermos apenas merdas boiando sobre a água, como dizia com sua sabedoria popular o povo simples que Dom Carlos jamais abandonou.

Dom Frei Lucas Macieira da Silva-Teólogo, jornalista social e escritor

Redação Geral Gazzeta Paulista
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