O Verdadeiro Significado de Ser Ecumênico: Acolher, Respeitar, Mas Jamais Compactuar com a Intolerância
O ecumenismo, na sua essência, é um chamado ao diálogo, à unidade e à convivência pacífica entre diferentes grupos religiosos, sociais e culturais. É a prática de buscar o que une em vez de se concentrar no que divide. No entanto, ser ecumênico não é abdicar de valores morais e éticos fundamentais, nem aceitar práticas ou ideologias que ferem a dignidade humana.
A verdadeira prática ecumênica é marcada por um profundo respeito pelas diferenças, mas também pela coragem de traçar limites claros diante de tudo o que promove o ódio, a violência ou a destruição.
O Caminho do Acolhimento e do Respeito
Ser ecumênico significa abrir os braços para acolher pessoas de todas as crenças, origens e histórias. Isso envolve:
Reconhecer a diversidade como um valor: Cada pessoa tem uma história, uma fé, uma cultura, e essas diferenças nos enriquecem enquanto humanidade.
Praticar a empatia: Compreender os outros em sua essência, mesmo quando suas crenças ou tradições diferem profundamente das nossas.
Promover o diálogo: O ecumenismo constrói pontes, incentivando conversas abertas que levam à compreensão mútua e à paz.
O verdadeiro espírito ecumênico não busca converter, subjugar ou diminuir a importância do outro, mas caminhar ao lado, reconhecendo que, apesar das diferenças, somos todos filhos do mesmo Criador.
Os Limites do Ecumenismo
Embora o ecumenismo promova a aceitação e o diálogo, ele não é sinônimo de conivência com práticas ou ideologias que contrariam os valores universais de respeito e dignidade. É impossível ser ecumênico com grupos ou ideias que:
1. Apoiam práticas criminosas, como a pedofilia: A proteção das crianças é um princípio inegociável.
2. Promovem a morte ou o ódio: Qualquer grupo que defenda a violência, o genocídio ou o extermínio de outros não pode ser aceito dentro de uma prática ecumênica.
3. Fomentam fobias ou preconceitos: Racismo, homofobia, xenofobia ou qualquer outro tipo de discriminação são incompatíveis com os princípios de amor e igualdade.
4. Desprezam a dignidade humana: Grupos que promovem a intolerância ou negam os direitos fundamentais dos outros não têm lugar em um diálogo ecumênico.
A ideia de se “misturar” com essas práticas ou grupos não é ecumenismo; é irresponsabilidade. Como cristãos e cidadãos, somos chamados a ser luz no mundo, e isso exige discernimento e firmeza.
Ecumenismo Não é Relativismo
Outro ponto importante a destacar é que o ecumenismo não implica relativizar a verdade de cada tradição religiosa. Cada fé tem suas crenças e convicções que precisam ser respeitadas. No entanto, o diálogo não exige abandonar a própria identidade espiritual; exige, sim, um compromisso com o respeito mútuo.
Ser ecumênico é praticar o amor ao próximo, mas com responsabilidade. É possível discordar profundamente de certas ideologias ou comportamentos sem desumanizar as pessoas que os defendem. Isso significa que:
Podemos acolher quem pensa diferente, sem aderir às suas ideias.
Podemos respeitar, sem relativizar nossas próprias convicções.
O Perigo de Confundir Ecumenismo com Comunismo ou Conivência
Há quem confunda o ecumenismo com uma ideologia política, como o comunismo, ou com a ideia de aceitar qualquer comportamento. No entanto, essa confusão é equivocada. O ecumenismo não busca uniformizar pensamentos nem destruir identidades; ao contrário, ele valoriza a pluralidade dentro dos limites éticos.
Por outro lado, aceitar práticas que violam os direitos humanos em nome do “respeito” é um grave erro. O respeito jamais deve ser usado como justificativa para a conivência com o mal.
Ecumenismo: Um Chamado à Paz e à Justiça
O verdadeiro ecumenismo é um movimento pela paz e pela justiça. Ele nos desafia a:
Defender os mais vulneráveis: Ser a voz dos que sofrem, lutando contra qualquer forma de opressão.
Promover a reconciliação: Trabalhar pela cura das feridas históricas entre diferentes povos e religiões.
Construir uma sociedade mais justa: Combater as desigualdades e promover o bem comum.
Ser ecumênico é um ato de coragem. É acolher as diferenças sem abandonar os valores fundamentais que sustentam a dignidade humana.
Conclusão
O ecumenismo não é um caminho fácil. Ele exige humildade para reconhecer as riquezas do outro, sabedoria para discernir o que não deve ser aceito e coragem para defender a verdade em amor. Não podemos ser ecumênicos com o que destrói, com o que fere, com o que mata. O verdadeiro ecumenismo é uma ponte para a paz e a justiça, mas nunca um caminho para a conivência com o mal.
Sigamos firmes nesse propósito, acolhendo a todos, mas permanecendo inabaláveis na defesa da dignidade humana e da vida.
Dom Frei Lucas Macieira da Silva, teólogo, jornalista social e escritor