A Presidência da COP30, junto com o Campeão de Alto Nível do Clima da COP30, Dan Ioschpe, mapeou um total de 722 iniciativas lançadas no âmbito das COPs desde 2014, voltadas para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas. Diante do engajamento já demonstrado, o especialista avaliou, durante a Pre-COP, nesta terça-feira, 14/10/2025, que o número deve triplicar após a conferência, em Belém (PA).
As iniciativas identificadas integraram as Agendas de Ação das conferências nos últimos 10 anos. Elas são ações executadas por entes públicos e privados, pela sociedade civil, pela academia e por diversos outros atores, capazes de acelerar a implementação das medidas necessárias para cumprir o Acordo de Paris e conectar a discussão de clima com a realidade das pessoas em todo o planeta.
Do total de iniciativas mapeadas, 423 aceitaram o convite da Presidência brasileira na conferência para participar ativamente da Agenda de Ação da COP30, até o momento. Foram formados grupos de trabalho para cada um dos 30 objetivos-chave deste ciclo com o propósito de fortalecer a implementação das ações.
Neste processo, as iniciativas têm três responsabilidades: garantir a transparência dos seus trabalhos reportando resultados qualitativos e, pela primeira vez, apresentando indicadores de efetividade. Desde a COP de 2014, no Peru, os relatórios passaram a ser apresentados por meio do portal Global Climate Action. Neste ciclo, o Brasil inovou solicitando que sejam apresentados também parâmetros que revelem a eficiência das ações. As iniciativas participam ainda da formulação de um Celeiro de Soluções, identificando seus casos de sucesso, e da elaboração de planos de aceleração, para que estas soluções possam ganhar escala até o ano de 2028.
Análise
O Campeão de Alto Nível do Clima da COP30, Dan Ioschpe, destacou que ficar fora da Agenda de Ação é um risco de oportunidade em termos de competitividade. Ele avalia que a adesão de iniciativas vai aumentar de forma significativa quando a efetividade desse mecanismo for comprovada na conferência, em novembro.
“Nós estamos virando o primeiro ciclo dessa nova arquitetura [da Agenda de Ação]. Na COP nós vamos ter a melhor demonstração do que é essa nova forma de estruturar. Então, pós COP, isso vai triplicar, porque as empresas, as prefeituras, as entidades que olharem aquilo vão querer fazer uso desse ciclo anual das COPs para retirar os gargalos e avançar na direção das soluções. Estou bastante otimista,” afirmou.
A coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência da COP30, Bruna Cerqueira, relatou que um dos principais resultados até o momento é o aumento do engajamento das iniciativas nas medidas de transparência. Por enquanto, 137 delas apresentaram os documentos necessários. Isto representa mais de quatro vezes os números obtidos em outras conferências.
“É algo que exige uma mudança cultural com as iniciativas, e colocar incentivos para que elas possam reportar e participar. Parte disso, nesse ciclo, foi condicionar a participação dos projetos nos eventos da Agenda de Ação à apresentação dos relatórios. Portanto, a gente espera que esse número siga aumentando, mas já tivemos um avanço”, enfatizou.
Agenda de Ação
Este é o pilar da Convenção do Clima que mobiliza ações climáticas voluntárias da sociedade civil, empresas, investidores, cidades, estados e países para intensificar a redução das emissões, a adaptação às mudanças do clima e a transição para economias sustentáveis, conforme previsto no Acordo de Paris.
A Agenda de Ação da COP30, especificamente, inaugura uma estrutura capaz de mobilizar todos os atores e esforços para acelerar a implementação do que já foi negociado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), com base nos resultados do primeiro Balanço Global (GST-1). Esta é a ferramenta do Acordo de Paris que, em ciclos de 5 anos, avalia o progresso na implementação de seus objetivos e orienta um plano de ação global.