Governo de SP investiu em alarmes, sirene, radar meteorológico e mobilizou população da vila mais afetada por deslizamentos em ações de prevenção.
As sirenes no alto de um poste na entrada da Vila Sahy, na cidade litorânea de São Sebastião, são o primeiro e mais visível sinal de que a prevenção de desastres por ali mudou muito desde 2023. No Carnaval daquele ano, 64 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram desalojadas após uma tempestade causar deslizamentos e alagamentos na comunidade. Dois anos depois, o investimento no sistema de prevenção se consolida como principal aliada da população na preparação para épocas chuvosas.
Além do sistema de sirenes, a região foi pioneira nos novos alertas utilizando celular, treinamentos junto a população e mais precisão nas previsões meteorológicas com a instalação de um novo e potente radar.
Presidente da Associação de Moradores da Vila Sahy (Amovila), João Bosco de Oliveira Silva conta que a efetividade da tecnologia contou com o apoio da população local, que participou ativamente dos treinamentos e dos simulados da Defesa Civil para o sistema de sirenes instalado pelo Governo de São Paulo na vila. Foram investidos R$ 800 mil na ferramenta. “A população se sente mais segura com o novo sistema de prevenção”, disse.
O engenheiro Renan Mendes de Souza, da Defesa Civil de São Sebastião, explica que a participação da população é importante para as sirenes. “São vários toques diferentes, que precisam ser conhecidos pelos moradores, como por exemplo para teste, manutenção, toque de alarme para quando há algum tipo de previsão meteorológica adversa, e o alerta de evacuação, que indica uma previsão mais crítica.”
A Vila Sahy protagonizou os primeiros testes do cell broadcast, alerta de prevenção que envia comunicações por SMS e notificações a respeito de situações de risco envolvendo chuvas. Além do alerta sobre os riscos, a ferramenta informa locais para evacuação e pontos seguros.
Após o exercício simulado da tecnologia em agosto de 2024 na Vila Sahy, o sistema passou a operar em todo o estado.

A Defesa Civil usa o sistema conhecido internacionalmente como alerta de emergência sem fio como uma solução que permite o envio de mensagens de texto para os celulares que estejam em localidades com risco de desastres naturais como alagamentos, enxurradas, enchentes, deslizamentos de terra e vendavais. A mensagem aparece sobreposta ao conteúdo acessado no celular. A depender da gravidade do alerta, também será emitido um sinal sonoro similar a uma sirene.
Engajamento foi crucial para sucesso de ações
O alerta de evacuação na Vila Sahy é disparado quando o nível de chuva atinge 40mm a 50mm. Desde a instalação, este tipo de alerta foi acionado uma única vez, quando o bairro ainda estava passando por obras na pavimentação. O bairro foi evacuado com sucesso e nenhuma ocorrência grave foi registrada.
A sirene pode ser acionada remotamente pelas equipes de monitoramento da Defesa Civil, mas também pode ser acionada por um botão na própria localidade, para garantir que a instabilidade de sinal não seja um problema.
Os dados meteorológicos que orientam a ação da Defesa Civil na Vila Sahy e em toda São Sebastião vêm de um radar meteorológico que está em funcionamento desde março de 2024 em Ilhabela. A instalação do equipamento foi uma parceria do Governo do Estado com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Prefeitura de São Sebastião e o governo federal.

O equipamento foi colocado na ilha em novembro de 2023, quando se iniciou a fase de testes. Ele está localizado dentro de uma propriedade particular, num espaço cedido para a instalação. Trata-se de um radar americano Banda-X, com 500 watts de potência, antena de 1,80m e com alcance de até 120 km.
“Essa tecnologia é muito importante para o trabalho de prevenção”, diz Renan. “Somado à sirene a ao radar, existe um trabalho de conscientização da população, para saber o momento de agir e para que a população entenda a gravidade da situação, quando ela precisa sair.”
A Defesa Civil realizou quatro simulados em São Sebastião ainda em 2023. Dois deles na Vila Sahy, com amplo engajamento da população, sobre deslizamento de solo, abandono da área e sobre os avisos da sirene.
Até nas escolas o tema apareceu, com treinamento de 130 alunos de três escolas da rede pública nas Olimpíadas do Conhecimento em Defesa Civil. “Estamos preparados”, diz João Bosco, da Amovila.

O engajamento da população ficou evidente também com a participação no Núcleo Comunitário de Defesa Civil (Nudec), criado após o temporal de 2023 para preparar a população para emergências de chuvas. Também foi criado um Nudec no bairro de Toque-Toque, próximo da Vila Sahy.
De olho no futuro
O Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) trabalha atualmente na criação de uma plataforma de pesquisa e serviços em gestão de riscos e desastres. Esta nova plataforma será um sistema integrado de análise e comparação de dados de múltiplas fontes, aumentando a eficácia das ações do IPA em resposta a novos eventos.
Outra iniciativa futura é a criação do Sistema de Alerta de Ressacas e Inundações Costeiras (Saric), que será crucial para o monitoramento preventivo, emitindo alertas sobre ressacas e inundações, permitindo que as Defesas Civis e os municípios adotem medidas preventivas para proteger a população e a infraestrutura costeira.

Materia enviada pela Assessoria de comunicação da Defesa Civil de São Sebastião