Mais de sete milhões de senegaleses foram chamados, no último domingo, a eleger o seu quinto Presidente da República, numa eleição totalmente indecisa – na opinião de vários analistas políticos, mas também tida como uma das mais abertas da história do país desde a Independência Nacional em 4 de Abril de 1969.
Pela primeira vez, o actual Presidente do país, Macky Sall, no poder há 12 anos e largamente reeleito em 2019, não se apresenta à reeleição, por limite de mandatos, em obediência à lei e à Constituição do Senegal. Após terem observado, ontem, o dia de reflexão, os senegaleses que, inicialmente deveriam votar a 25 de Fevereiro, escolhem entre 17 candidatos, entre os quais uma mulher, num pleito marcado por uma campanha apertada, devido aos episódios de disputa legal sobre o dia da sua realização, decorrentes do adiamento decretado pelo Chefe de Estado para 15 de Dezembro, data anulada e previamente remarcada para 24 de Março, pelo Conselho Constitucional.
Durante a campanha eleitoral, curta e intensa, mas pacífica em comparação com os meses de tensão que antecederam às presidenciais, os candidatos andaram de lês a lês debaixo de sol intenso, tentando convencer os eleitores para a sua vitória, segundo a RFI.
No entanto, mais de 1.000 observadores da sociedade civil foram mobilizados para monitorar as eleições presidenciais de hoje. O colectivo de organizações para o sufrágio está activo em 14 regiões do Senegal, onde vai verificar o bom funcionamento da votação.
Quaisquer incidentes serão imediatamente relatados para o quartel-general da organização, baseada em Dacar, desde a abertura pontual das assembleias de voto, a presença ou não de representantes dos candidatos durante a contagem dos votos.
Um dos receios é o de contestações pós-eleitorais, se os resultados forem apertados entre os diferentes candidatos.
Os resultados provisórios devem ser conhecidos já na nesta noite.
Candidatos confiantes na vitória à primeira volta das eleições
Os apoiantes de Bassirou Diomaye Faye, principal candidato da oposição, acreditam na sua vitória à primeira volta, perante Amadou Ba, delfim do actual Presidente senegalês, Macky Sall, que confia no protagonismo da coligação no poder, Benno Bokk Yakaar (BBY, Unidos pela Esperança, em wolof).
Diomaye Faye – também ele um candidato escolhido por uma figura política impedida de concorrer, no caso, o principal rosto da oposição senegalesa, Ousmane Sonko, travado pela justiça do país – fez campanha com a promessa de criar uma nova moeda e a sair do franco CFA.
A renegociação dos contratos de exploração mineira e de energia que farão do Senegal um produtor de petróleo e gás natural, a partir do fim do ano, foi outra das bandeiras de campanha de Sonko/Faye. A carta da energia senegalesa é particularmente sensível à Europa, desde que foi forçada a procurar alternativas à Rússia, mas também num contexto em que a França- o país com a presença mais influente na região – está a ser literalmente expulsa de várias das antigas colónias na África ocidental, nomeadamente, no Sahel.
O candidato do Governo, Amadou Ba, posicionou-se como um político com a experiência necessária para conduzir os destinos do país – numa demarcação em relação às principais figuras da oposição – Sonko e Faye -, e fez campanha pela continuidade do plano “Senegal Emergente”, que marcou o essencial do desempenho de Macky Sall, assente na construção de infra-estruturas.
As eleições mobilizaram o maior número de candidatos presidenciais em toda a história do país – chegam 17 às urnas, dos 19 inicialmente, inscritos, superando os cinco em 2019 e 14 em 2012.
A repetir-se a história, o sucessor de Macky Sall será escolhido numa segunda volta a realizar-se no terceiro domingo, a seguir ao anúncio dos resultados da primeira volta, caso nem um dos candidatos obtenha uma maioria absoluta na votação de hoje.
Duas desistências marcam as campanhas políticas
Na quarta e quinta-feira, dois candidatos presidenciais, Cheikh Tidiane Dieye e Habib Sy, retiraram-se e apelaram aos seus apoiantes para votarem em Bassirou Diomaye Faye, que concorre pela oposição.
As duas candidaturas foram essencialmente instrumentais, decididas quando o Pastef, o partido de Sonko, entretanto ilegalizado, percebeu que poderia não conseguir constituir como candidato à principal figura da oposição senegalesa.
Materia enviada pela assessoria de comunicação do tribunal eleitoral do Senegal
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