
Um momento para o diálogo entre a Presidência da COP30 e organizações da sociedade civil do Brasil ajudou a esclarecer pontos sobre a agenda do país para a Conferência neste sábado, 21/6, em Bonn, na Alemanha, onde ocorre evento dos órgãos subsidiários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), até 26 de junho.
Representantes de organizações como o Geledés – Instituto da Mulher Negra; Observatório do Clima; Instituto Regenera; FASE; Instituo Alana; Comitê COP30; Plataforma Cipó; Instituto Mapinguari; SOS Mata Atlântica; Grupo Carta de Belém entre outros, elencaram questões que consideram necessárias para tratamento estratégico na Agenda de Ação da Conferência no Brasil.
Algumas das agendas mais importantes são modelos de financiamento climático que possam refletir as realidades e necessidades das comunidades mais atingidas pela crise do clima e supere a lógica dos recursos privados; a agenda de adaptação, que é prioridade da presidência da COP30. Além desses, a inclusão de crianças e adolescentes de forma transversal nos debates da Conferência, bem como da agroecologia e do tema de demarcação de terras indígenas.
O grupo também indicou a necessidade incluir as especificidades de povos e comunidades tradicionais do Plano de Ação e, ainda, a urgência de impulsionar a participação indígena nos espaços de decisão sobre o clima como atores das negociações, de forma que possam participar efetivamente das discussões e levar conhecimentos e soluções desde suas realidades.
Ana Toni, CEO da COP30, e o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, responderam as questões, pontuando o empenho tanto da Presidência da COP30 como do governo do Brasil em garantir que as negociações para a agenda climática avancem, apesar do cenário internacional de continuidade do uso de combustíveis fósseis e da concorrência conflitos em série.

“A gente quer uma estratégia forte nos temas que são muito caros para a gente, mas sem implodir o sistema”, reforçou Toni, ao chamar atenção para a necessidade de que a sociedade civil global engaje para que os países enviem suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas. O prazo era fevereiro deste ano e a presidência da COP30 espera que os países enviem os documentos, pelo menos, até outubro.
Mundo do trabalho e IA
O tema sobre economia verde, a relação entre transição energética, mundo do trabalho e a criação de empregos verdes também foram pontuados como fundamentais para a agenda brasileira. Além disso, a necessidade de repensar a estratégia brasileira de usar energia renovável para garantir o funcionamento dos data centers de Inteligência Artificial e de outras tecnologias.
Sobre o assunto, João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM/PR), que participou da reunião, detalhou o plano brasileiro para impulsionar a IA no país, salientando que, na questão de infraestrutura, a política de incentivos prevê o equilíbrio entre o uso de energia e recursos hídricos pelos data centers.
“É algo que ainda está nos ajustes que, de alguma forma, tensionam o processo, porque estabelecem compromisso entre as múltiplas partes. Mas acho que a gente vai conseguir chegar no resultado final positivo nessa direção”, explicou Brant.