Na última sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, a Associação Solar dos Unidos comemorou seus 53 anos de existência com uma solenidade que foi muito além de um simples aniversário. O evento, marcado por um grande almoço de confraternização, reuniu lideranças comunitárias, representantes do poder público e famílias atendidas pelos projetos sociais da entidade, reafirmando o papel histórico do terceiro setor na garantia de direitos onde o Estado, muitas vezes, chega tardiamente.

Entre as autoridades presentes, destacou-se a participação do Professor Moreira, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, cuja presença conferiu peso político e simbólico à celebração. Ao participar da solenidade, o secretário reforçou a importância de reconhecer e fortalecer iniciativas comunitárias que, há décadas, atuam na linha de frente da inclusão social.
Uma história de resistência e serviço público não oficial
Fundado em meio a profundas desigualdades sociais, o Solar dos Unidos atravessou diferentes períodos políticos, crises econômicas e transformações urbanas sem abandonar sua missão central: acolher, formar e proteger crianças, jovens e famílias em situação de vulnerabilidade. Celebrar 53 anos, portanto, é também lembrar que a sociedade civil organizada muitas vezes cumpre funções que deveriam ser prioridade permanente do poder público.
Esse dado torna a comemoração, inevitavelmente, polêmica e didática: se associações como o Solar dos Unidos não existissem, quantas crianças estariam hoje à margem de qualquer política de proteção social?
O almoço, o Bom Velhinho Papai Noel e o simbolismo do cuidado
O ponto alto do evento foi o almoço de confraternização preparado especialmente para marcar a data, reunindo voluntários, colaboradores e beneficiários em um momento de partilha e pertencimento. A celebração ganhou ainda mais emoção com a presença do Bom Velhinho Papai Noel , que levou alegria às crianças do projeto social, reforçando o espírito de solidariedade e esperança — elementos essenciais em tempos de crescente individualismo.

Mais do que um gesto simbólico, a ação revelou como o cuidado com a infância continua sendo uma das frentes mais sensíveis e estratégicas da promoção dos direitos humanos.
Poder público e sociedade civil: parceria ou transferência de responsabilidade?

Em sua participação, o secretário Professor Moreira destacou a relevância histórica do Solar dos Unidos e a necessidade de políticas públicas que dialoguem com experiências bem-sucedidas da sociedade civil. No entanto, o evento também reacende um debate fundamental: até que ponto o Estado apoia essas iniciativas e até que ponto se acomoda nelas?
A presença institucional é um passo importante, mas o desafio permanente é transformar reconhecimento simbólico em investimentos concretos, políticas continuadas e parcerias estruturais.
Mais que uma festa, um recado político
A solenidade de 53 anos do Solar dos Unidos não foi apenas comemorativa. Foi um lembrete contundente de que direitos humanos se constroem no cotidiano, com comida no prato, acolhimento, educação e afeto. E, sobretudo, de que a história dessas associações precisa ser respeitada, registrada e fortalecida.
Em um país marcado por desigualdades históricas, celebrar o Solar dos Unidos é também questionar: quem sustenta, de fato, a cidadania nas periferias do Brasil?

































