Com cerca de 180 atividades autogestionadas apenas neste primeiro dia (14) do evento, o G20 Social demonstra a força organizacional da sociedade civil, bem como o desejo da população de influenciar os eixos de debate do G20. Um evento histórico que continua a se desenrolar e será retomado pela presidência sul-africana no próximo ano.
As pessoas não estão interessadas em política.” É uma ideia que assombra mesas de bar, jantares em família e debates acadêmicos. Isso transcende décadas, classes e fronteiras. No entanto, a que noção política exatamente essa frase se refere? Este primeiro dia de trabalho do G20 Social sugere uma resposta: as pessoas não gostam de política quando não são convidadas a construí-la. Quando convidado, ele participa.
Com milhares de metros quadrados repletos dos mais diversos rostos e vozes, debatendo simultaneamente centenas de questões de impacto global, a sociedade civil mundial mostra que está disposta a participar de processos políticos, mas não como simples receptoras de projetos aprovados por agentes públicos. Um povo que não é um personagem opaco, ativado apenas em discursos populistas, mas é protagonista de suas próprias questões, com o poder de influenciar as decisões públicas.
Desde a aceitação dessa nova chamada na estrutura do G20, somente na última quinta-feira (14) foram realizadas aproximadamente 180 atividades autogestionárias com os mais diversos eixos de discussão. Os direitos das pessoas com deficiência, a centralidade das favelas para soluções internacionais; a autorização de residência para imigrantes que investem na economia verde; filantropia para o desenvolvimento social; desafios para o investimento público no enfrentamento do racismo da juventude; o papel dos catadores de materiais recicláveis na liderança da economia circular. Estes são apenas alguns exemplos das atividades que ocorreram hoje.
Breviário de atividades
O painel “O Alto Retorno do Investimento na Primeira Infância na Promoção do Capital Humano e Estratégico para Combater a Pobreza e a Desigualdade” discutiu como priorizar as crianças em seus primeiros anos não é apenas uma questão de justiça social, mas também se apresenta como uma estratégia poderosa para o desenvolvimento humano e econômico. uma chave para quebrar ciclos de pobreza e desigualdade. “A realidade da pobreza afeta a todos, mas especialmente as famílias com crianças pequenas. 39% das crianças vivem abaixo da linha da pobreza”, disse Dandara Ramos, professora associada de epidemiologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
No painel “Superando as desigualdades entre mulheres e homens no mercado de trabalho“, lideranças femininas de centrais sindicais discutiram a urgência de respeitar o dever da igualdade salarial, uma vez que essa obrigatoriedade está presente nas leis desde 1943 no Brasil, com a implementação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). “Somos mais de 50% da população. Não podemos ser a maioria dos eleitores e do povo e não ser nada mais do que isso. Temos uma lei que nos garante igualdade salarial e, infelizmente, os patrões querem tirar isso de nós”, disse Celina Arêas, da Secretaria da Mulher da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
“Mapeamento da biodiversidade e arqueologia da Amazônia” foi o tema do painel que norteou os debates sobre a necessidade de maior promoção da proteção dos territórios e da bioeconomia. Os painelistas lembraram que foi nesta edição do G20 que o tema, pela primeira vez, foi considerado com a devida centralidade, com as primeiras reuniões da Iniciativa Bioeconomia do fórum. “Nossas pirâmides são nossas florestas, a ‘construção’ de nossos povos tradicionais. Um aspecto importante que devemos entender é que é difícil para os países tropicais administrar tamanha abundância e, nesse sentido, os povos das florestas nos mostram o caminho”, disse Eduardo Neves, do projeto Amazônia Revelada.
“Ciência: o caminho para combater a desinformação e seus custos negativos para a vida“, foi um painel que destacou a importância da integridade da informação na construção de uma sociedade democrática, pacífica, inclusiva e sustentável. Foi sublinhada a importância de abordar os desafios contemporâneos de forma proativa e colaborativa, bem como os dilemas das notícias falsas nos processos eleitorais democráticos. “Em várias eleições, imagens manipuladas foram usadas para influenciar a opinião pública, vinculando candidatos a ideias e ações falsas”, disse Ana Regina Rego, coordenadora da Rede Nacional de Combate à Desinformação do Brasil, que apresentou exemplos do Brasil, Índia, Estados Unidos e Parlamento Europeu.
Um dia que entrou para a história
O G20 Social, como uma “terceira via” do maior fórum de cooperação econômica global, é uma inovação da presidência brasileira do grupo, e terá continuidade pela presidência sul-africana no próximo ano. Um evento histórico no tempo presente que, em seu primeiro evento, já deixa sua marca nas maiores economias do mundo. Não se trata de “dar voz”, mas de “ouvi-la”. A sociedade civil há muito diz que a mudança está em ser ouvida. Essa é a premissa do encontro que, no dia 14 de novembro, tomou forma no centro do Rio de Janeiro.
hoje (15) e sábado (16) as agendas continuam, com uma variedade de atividades autogestionadas programadas, plenárias com autoridades nacionais e internacionais, feiras, intervenções artísticas e um festival de música. Tudo e todos alinhados com um propósito: um mundo mais justo e um planeta sustentável.
Materia envida pela Assessoria de Comunicação do G 20