Unidos por desafios comuns e visões compartilhadas, Brasil e Indonésia deram, nesta quarta-feira, 9 de julho, mais um passo para estreitar e aprofundar laços estratégicos. Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o presidente indonésio, Prabowo Subianto, foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, em Brasília.
Somos duas das maiores democracias do mundo, formadas por sociedades multiétnicas, forjadas na tolerância e no respeito às diferenças
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
Lula destacou a afinidade entre as duas nações e afirmou que a visita inaugura uma nova fase na cooperação entre os dois países. Durante o encontro, os presidentes aprofundaram o diálogo em áreas como segurança alimentar, energia renovável, bioenergia, defesa e educação, além de temas da agenda multilateral, como a proteção das florestas, a crise climática, a reforma da governança global e a busca pela paz no Oriente Médio.
“A relação entre o Brasil e a Indonésia é a prova de que a sintonia entre dois países é mais relevante do que a distância que os separa. Somos duas das maiores democracias do mundo, formadas por sociedades multiétnicas, forjadas na tolerância e no respeito às diferenças”, disse.
Lula ressaltou ainda que a entrada da Indonésia no BRICS, em 2024, foi recebida como um gesto de fortalecimento da parceria. “Dar as boas-vindas à Indonésia como membro do BRICS foi como abrir as portas de casa para um amigo de longa data”, afirmou, ao frisar que o Brasil apoia a entrada do país indonésio no Novo Banco de Desenvolvimento do bloco.
MULTILATERALISMO — Os presidentes conversaram sobre temas da agenda multilateral, como a reforma da governança global, a preservação das florestas e o enfrentamento à crise climática. Segundo Lula, é importante fortalecer o multilateralismo diante das ameaças internacionais. “Ouvi atentamente quando o presidente Prabowo criticou, na Cúpula do BRICS, que o direito internacional esteja sendo subjugado pela força. Por isso, a defesa do multilateralismo é mais necessária do que nunca”, argumentou.
SEGURANÇA ALIMENTAR — A cooperação em segurança alimentar ganhou destaque na reunião bilateral. Lula elogiou o programa “Refeição Nutritiva Gratuita”, lançado este ano pelo presidente indonésio, que pretende alcançar 83 milhões de estudantes até 2029. “Coloquei à disposição do presidente Prabowo a experiência brasileira do Programa Nacional de Alimentação Escolar, o PNAE, referência mundial no tema”, declarou. A iniciativa dialoga diretamente com os objetivos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada pelo Brasil no G20.
Subianto, por sua vez, destacou ainda o uso dos programas brasileiros como inspiração para políticas de segurança alimentar em seu país. “Somos muito francos em dizer que já utilizamos os programas brasileiros como modelo”, disse.
LIDERANÇA — O líder indonésio agradeceu a recepção e elogiou a liderança de Lula. “Estou convencido de que nós vamos ver o presidente Lula ativo ainda no cenário mundial por muito tempo, porque ele não é apenas um líder do Brasil, nem da América Latina. Ele se tornou um líder internacional de todo o Sul Global”, afirmou. Subianto também defendeu uma agenda concreta de cooperação. “Temos muitos interesses comuns. Podemos nos beneficiar mutuamente no comércio, na indústria, na agricultura. A tecnologia brasileira, especialmente nos biocombustíveis e na produtividade agrícola, é um exemplo para a Indonésia”, disse.
FLUXO COMERCIAL — Brasil e Indonésia são duas das maiores economias emergentes, com grandes populações, sociedades diversas e democracias consolidadas. Em 2024, o comércio bilateral alcançou US$ 6,34 bilhões. As exportações brasileiras somaram US$ 4,46 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 1,87 bilhão. A Indonésia ocupa o 16º lugar entre os destinos das exportações brasileiras e é o 5º maior destino para produtos do agronegócio.
As exportações brasileiras para a Indonésia concentram-se em farelo de soja, algodão e fumo. O Brasil importa do país asiático sobretudo fios de fibras têxteis e sintéticas, óleo de palmiste refinado, borracha natural e peças para veículos automotores e tratores. Há também um fluxo relevante de investimentos recíprocos: empresas brasileiras atuam na área de mineração na Indonésia, enquanto investimentos indonésios no Brasil se destacam nos setores sucroalcooleiro, de papel e celulose, tabaco e têxteis.