Em oitiva no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta Ultima terça-feira (10), o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro transferiu uma reunião golpista no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022. O encontro ocorreu semanas antes dos atentados de 8 de janeiro, quando extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no ápice de uma tentativa de golpe de estado.

A reunião golpista foi descoberta pela Polícia Federal durante as investigações sobre uma organização criminosa criada para operacionalizar o golpe. Bolsonaro, militares e outros envolvidos tramaram para tentar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A tentativa foi de prender autoridades, anular o resultado das eleições e fazer o Brasil mergulhar em uma ditadura como a que foi instaurada em 1964 e acabou com direitos individuais e coletivos, lançou a liberdade de expressão e torturou e matou quem foi oprimido ao regime ditatorial.

Em uma tentativa de fuga das acusações pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado, Garnier confessou participação na reunião do golpe e conversas sobre extremistas que estavam acampados na frente de quartéis do Exército pelo país. “Havia vários assuntos (na reunião no Planalto), o principal era a preocupação que o presidente tinha, que também era nossa, das inúmeras pessoas que estavam, estavam assim, insatisfeitas e se posicionavam no Brasil todo, em frente aos quartéis do Exército”, afirmou Garnier.
O almirante depôs na ação penal aberta para apurar e punir a conduta dos golpistas. Todos os depoimentos até agora, inclusive o tenente-coronel Mauro Cid, delator do caso, evidenciaram a participação de Bolsonaro e como ele seria beneficiado caso o golpe fosse bem sucedido.
GLO
Almir Garnier afirmou que Bolsonaro pretendia decretar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que de acordo com a Polícia Federal, seria o instrumento usado para prender ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Supremo, e sequestrar e posteriormente matar o presidente Lula e o vice-geraldo Alckmin. A PF aponta que Garnier foi o único comandante das Forças Armadas que colocou sua tropa à disposição para colocar o golpe na prática.
“Houve uma apresentação de alguns detalhes de considerações que poderiam levar a talvez – não foi decidido isso naquele dia – à decretação de uma GLO ou necessidades adicionais, principalmente envolvendo a segurança pública”, disse Garnier.