A juventude do BRICS se reuniu nesta segunda-feira, 9/9, para debater a transição energética justa e a cooperação entre os países do Sul Global. Durante a 7ª Cúpula de Energia da Juventude do agrupamento, realizada no Ministério da Justiça, os jovens debateram as temáticas que integrarão o Panorama Energético da Juventude BRICS 2025, a ser lançado oficialmente durante a COP 30, em novembro.

“Cada sessão temática da Cúpula reflete um determinado caminho da presidência do Brasil no BRICS e é assim que estamos construindo expectativas e também antecipando as perspectivas energéticas. Outro resultado da Cúpula é o Plano de Ação para o BRICS com a Cooperação de Energia. Vamos discuti-lo hoje, após a sessão temática sobre como os novos membros do BRICS se integrarão à nossa comunidade e como todos nós, juntos, podemos desenvolver certas capacidades para que a cooperação energética entre os países do BRICS, no nível da juventude, alavanque”, explicou Alexander Kormishin, presidente da Agência de Energia da Juventude do BRICS.
O documento está sendo estruturado em quatro eixos temáticos principais, alinhados às prioridades da presidência brasileira do BRICS na área de energia:
– Combustíveis Sustentáveis para Adaptação Climática;
– Financiamento das Transições Energéticas e Garantia de Minerais para Energia Limpa;
– Acesso à Energia no Combate à Pobreza Energética com Soluções Acessíveis; e
– Avanços Tecnológicos para Sistemas de Energia de Baixo Carbono.
A Agência de Energia Jovem dos BRICS (BRICS YEA, na sigla em inglês) é uma organização liderada por jovens e reconhecida internacionalmente como uma instituição de cooperação entre jovens dos países do agrupamento no campo da pesquisa energética e do desenvolvimento de projetos. A BRICS YEA foi criada em 2015, através do Plano de Ação da 1ª Cúpula da Juventude dos BRICS. Aos dez anos de existência, o grupo teve a primeira reunião com a presença de todos os novos países-membros do agrupamento, representados por jovens de empresas de energia.
“Os jovens estão compartilhando seus conhecimentos. O que um país faz em relação ao outro em termos de hidrogênio, ou poderia ser transição energética ou até mesmo empoderamento de gênero no setor energético, e isso está sendo implementado nos discursos de um palestrante e retomado por outro, o que torna possível uma troca. Queremos também que os jovens tragam certos tons de parceria para o que está acontecendo aqui hoje porque os novos estados-membros, Indonésia, Egito e Emirados Árabes Unidos, precisam encontrar amigos em outros países do BRICS. Isso facilita sua integração”, acrescentou Kormishin.
Também presente no evento, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, parabenizou a juventude pelo trabalho desenvolvido e destacou a importância da sustentabilidade energética.
“Os países do BRICS representam cerca de 40% da população mundial, mais de 25% do PIB. Somos grandes produtores e consumidores de energia, influenciando diretamente os mercados globais, petróleo, gás, carvão e fontes renováveis. Além disso, enfrentamos desafios comuns, transição energética, acesso à energia, sustentabilidade ambiental. A diversidade energética dos BRICS permite complementaridades estratégicas, fortalece nossa cooperação em inovação, sustentabilidade e segurança energética e reforça nossa autonomia frente a outros agrupamentos geopolíticos. O BRICS tem potencial para liderar a transição energética global, especialmente no sul global, e as nossas juventudes devem ter um papel central nesse processo”, declarou o ministro.
Integração com a COP30
O Panorama da Juventude sobre Energia dos BRICS é um relatório desenvolvido pela BRICS YEA desde 2018, com a contribuição de jovens profissionais e pesquisadores dos países do Sul Global. O documento sempre é apresentado, até o final de cada ano, aos ministros de Energia do BRICS e nas Conferências das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COPs).
“O BRICS é um momento super importante, também pensando na COP30, porque a gente precisa que o alinhamento das juventudes chegue até lá”, diz Marcele Oliveira, jovem campeã climática da COP30. Foto: Isabela Castilho / BRICS Brasil
Neste ano, o Brasil protagoniza as presidências de ambos eventos e fortalece ainda mais a discussão do setor. “As duas presidências do Brasil, no BRICS e na COP 30, estão interligadas e alinhamos a pesquisa muito com as prioridades brasileiras. Os jovens realmente enfrentarão as consequências das decisões de hoje no futuro e, como vemos, o setor energético é o maior responsável pelas emissões de gás carbônico. Esse campo é essencial para o desenvolvimento sustentável e os jovens querem ter um futuro sustentável, com menos emissões, menos aquecimento global, e melhores condições de vida para eles e seus filhos, as gerações futuras. É disso que se trata o desenvolvimento sustentável”, comentou Arsenii Kirgizov-Barskii, vice-presidente da BRICS YEA e coordenador de Programas e da Juventude da COP29.
Também presente no evento, a Jovem Campeã Climática da COP30, Marcele Oliveira, destacou a importância da ação da juventude do BRICS e como a discussão será levada à Cúpula do Clima, que ocorre entre 10 e 21 de novembro, em Belém, Pará.
“O BRICS é um momento super importante, também pensando na COP30, porque a gente precisa que o alinhamento das juventudes chegue até lá, que os nossos posicionamentos comuns fortaleçam os debates que a gente quer avançar, de adaptação, de financiamento climático e de transição justa”, iniciou a ativista climática.
“A transição justa é uma transição que faz a transição não só do tipo de energia, mas uma transição de pensamento, de parar de achar que a natureza está ao nosso serviço, porque ela não está. A gente precisa dela. E essa é uma conversa muito possível de avançar a partir do BRICS, a partir de países que estão localizados no sul global, que tem esse entendimento de que a mudança que a gente quer para o mundo também vem da nossa produção de soluções, do reconhecimento dos nossos povos originários, do reconhecimento das soluções climáticas que vêm das periferias do mundo”, destacou ainda.