No tradicional 1º Maio dia do Trabalhador, enquanto sindicatos e centrais realizavam seus tradicionais atos na Avenida Paulista, um outro grito ecoou forte entre os prédios da capital: o das “Mães da Leste”, movimento formado por mulheres que perderam seus filhos em ações violentas da Polícia Militar. Com faixas, rostos estampados de jovens mortos e palavras de ordem, o grupo protestou contra a letalidade policial e cobrou justiça para as vítimas.

A principal faixa trazia o apelo: “Parem de matar os nossos filhos”, acompanhada de dezenas de fotos de jovens — em sua maioria negros e moradores da periferia — que tiveram suas vidas interrompidas. O ato, que reuniu familiares, militantes de movimentos de direitos humanos e apoiadores, reforça o mote do movimento: “Do luto à luta”.

O protesto teve também tom de denúncia política. Outra faixa, levada por apoiadores da zona norte da cidade, dizia: “Fora Derrite! Tarcísio tem sangue nas mãos! São + de 1200 mortes pela PM até agora”. A crítica é direcionada ao secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e ao governador Tarcísio de Freitas, responsabilizados pelo aumento da violência policial no estado.
“Não estamos aqui por política partidária, estamos aqui por causa dos nossos filhos. Eles foram assassinados pelo Estado. Queremos justiça e mudanças reais na segurança pública”, declarou uma das mães presentes, visivelmente emocionada.

O movimento “Mães da Leste” surgiu a partir da dor compartilhada de mães que perderam seus filhos em ações policiais nas periferias de São Paulo. Desde então, elas vêm denunciando a militarização das favelas, o racismo estrutural e a impunidade que, segundo elas, perpetua esse ciclo de violência.
Segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública, São Paulo registrou mais de 1.200 mortes por intervenções policiais apenas no último ano, número que acendeu o alerta de organizações internacionais de direitos humanos.
O ato desta quirta-feira foi pacífico e contou com o apoio de outros coletivos periféricos, como o Brasilândia em Luta, além da presença de parlamentares e defensores públicos.
Com sua presença marcante no 1º de Maio, as Mães da Leste não só denunciaram a dor da perda, como reafirmaram sua luta por um modelo de segurança pública que respeite a vida e a dignidade das periferias.