Equipe mescla figuras como a multimedalhista Carol Santiago, que vai disputar sete provas, o porta-bandeiras Gabriel Araújo e o mais jovem atleta da delegação, Victor dos Santos.
O pescoço chega “vergava para baixo” na foto. A pernambucana Maria Carolina Santiago saiu do Centro Aquático de Tóquio, nos Jogos Paralímpicos de 2021, com medalhas em cinco das seis provas que disputou. Três ouros (100m peito, 50m e 100m livre), uma prata no revezamento e um bronze nos 100m costas. A melhor performance individual de um atleta brasileiro na história do megaevento. No fim da maratona, exausta, Carol chegou a dizer que jamais faria um programa tão extenso novamente. Mas Carol é do tipo “tinhosa”. Não só mudou de ideia, como ampliou o sarrafo. Chega a Paris com uma meta ainda mais extenso. Vai disputar sete provas: 100m borboleta, 50m livre, 100m livre, 100m peito, 100m costas, 200m medley e o revezamento 4 x 100m.
Só sabe o que realmente são os Jogos Paralímpicos quem participa. É um momento grandioso. Vocês vão se cansar de me ver nadando, mas é isso que amo. Amo nadar, amo natação, gosto desse barulho da água”
Carol Santiago, que conquistou cinco medalhas em Tóquio e vai nadar sete provas em Paris
“Eu confesso. Saí de Tóquio toda chorona, dizendo que talvez não fizesse mais um programa tão longo. Mas a gente teve oportunidade de treinar. Fizemos os mundiais, as etapas da World Series. Vi que era possível um programa maior”, brincou Carol, de 39 anos, que disputa a classe S13, para atletas com deficiência visual. Ela nasceu com síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
Assim, com Carol em praticamente todos os dias na piscina do centro aquático e um time de 37 atletas que mescla a experiência dela com uma geração de jovens, o Brasil chega pronto para se manter entre as cinco maiores potências da modalidade. São 21 homens e 16 mulheres. A Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos será a partir das 15h30 (de Brasilia) desta quarta, 28 de agosto. As disputas que reúnem 280 brasileiros em 20 modalidades seguem até 8 de setembro.
“Só sabe o que realmente são os Jogos Paralímpicos quem participa. É um momento grandioso. A gente tem a oportunidade de representar o Brasil e estar com tantas outras nações. Vocês vão se cansar de me ver ali nadando. Mas gente, é isso que amo. Amo nadar, amo natação, gosto desse barulho da água”, disse Carol.
O time dos experientes também conta com Phelipe Rodrigues, da Classe S10 (conheça melhor as classes no infográfico), que representa as cores brasileiras desde a edição de Pequim, em 2008, dos Jogos Paralímpicos. “A gente sempre espera o melhor para uma competição desse nível. Treinei bastante e estou muito focado. Foi um ciclo menor do que a gente está acostumado, mas a preparação foi até hoje a melhor que já tive, então espero que consiga nadar para os meus melhores tempos”, afirmou o atleta de 34 anos.
No grupo dos jovens estão Gabriel Araújo, de 22 anos, que chega como o nome a ser batido na classe S2 e com a responsabilidade de levar a bandeira brasileira na cerimônia de abertura, e Victor dos Santos, da S9, o mais jovem atleta de toda a delegação brasileira em Paris, com 16 anos completos em maio.
Ouro nos 50m livre, prata no revezamento 4x100m livre misto e bronze nos 100m borboleta nos Jogos de Tóquio 2020, o brasiliense Wendell Belarmino vem com a intenção de aproveitar cada momento dos Jogos e nadar de forma competitiva. “Minha expectativa é fazer o que vim para fazer, que é competir, obviamente, me divertir, fazer o que gosto, sem ter pressão. Nadar o melhor possível, não estou me pressionando para ganhar medalha nem nada, mas claro que se a medalha vier, vai ser maravilhoso”, disse Wendell, que atuana classe para atletas com deficiência visual.
PROMISSOR – Nos dois últimos Mundiais, a seleção de natação terminou no Top 5. Na Ilha da Madeira, em Portugal, no ano de 2022, o Brasil registrou a melhor campanha em um Mundial, quando ficou na terceira posição, com 53 medalhas, sendo 19 de ouro, 10 de prata e 24 de bronze. No ano seguinte, em Manchester, na Inglaterra, o time finalizou em quarto, com 46 pódios (16 ouros, 11 pratas e 19 bronzes).
HISTÓRICO – A natação é a segunda modalidade que mais garantiu pódios para o Brasil em Jogos Paralímpicos. Foram 125 – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes. Apenas o atletismo tem mais medalhas: 170 medalhas (48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes).
BOLSA ATLETA – Dos 280 atletas brasileiros em Paris em 20 modalidades, 274 (97,8%) integram o Bolsa Atleta do Governo Federal, incluindo os 37 da natação. Dos seis que não fazem parte atualmente, quatro já estiveram em editais anteriores. Os outros dois são guias, que correm ao lado de atletas com deficiência visual. O primeiro edital do Bolsa Atleta em que atletas-guia puderam ser contemplados foi o de dezembro de 2023, após a aprovação da Lei Geral do Esporte.
MEDALHAS – O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. São 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes. As três modalidades que mais garantiram pódios são, além do atletismo (170 medalhas), a natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e o judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes).
Matéria envida pela Assessoria de Comunicação do Ministerio do Esportes