O Presidente da República de Angola, João Lourenço, e Presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Sochi, na Cimeira Rússia – África.
Defesa e mineração dominam as relações entre Luanda e Moscovo, que têm um forte pendor político.
As relações entre Angola e a Rússia datam dos tempos da luta pela independência, altura em que Moscovo apoiou o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA).
A defesa desde sempre tem sido a área de cooperação russo-angolana mais sólida, sendo Moscovo, ainda, o parceiro estratégico de Angola neste campo.
Num artigo citado à VOA, este relacionamento, no entanto, tem estado a mudar, com uma maior aproximação de Luanda a Washington, enquanto a Rússia tem investido na mineração no país africano.
Para o especialista de relações internacionais, Agostinho Sikato, apesar das sanções, no capítulo militar nada mudou.
“O entendimento que se tinha era de que a Angola estava a fazer um posicionamento contrário aos interesses da Rússia, na altura em que praticamente a Angola condenou a invasão russa à Ucrânia. A Angola, nessa altura, apenas manifestou o seu posicionamento político em função do princípio que normalmente segue, que é o princípio da autodeterminação dos povos”, explica Sikato, para quem Luanda está a agradar aos vários interesses espalhados pelo mundo.
“Apesar da Rússia estar afetada por estas sanções nós continuamos a agradar a gregos e também a troianos e a procurar outros para procurar agradar”, sustenta o especialista.
Osvaldo Mboco, também especialista em Relações Internacionais, lembra que a Rússia está impedida de vender material militar, devido às sanções, mas sublinha que a cooperação no domínio militar mantém-se.
“Mas, ainda assim, relativamente às questões que têm muito a ver com os aspetos da manutenção dos equipamentos militares, há de facto essa cooperação e continua a funcionar, apesar da Rússia estar impedida, por causa das sanções, de vender equipamento militar”, ressalta.
Aquele professor universitário entende que as mudanças diplomáticas não se fazem da noite para o dia.
“Há uma tendência para existir um distanciamento e sair do eixo Moscovo para Washington, mas isso não se faz da noite para o dia”, conclui Mboco.
Para o jornalista Ilídio Manuel, o setor das minas sofreu alguma influência, entendendo que a mudança de Luanda de Moscovo para Washington forçará, nos bastidores, uma cobrança da dívida que Angola tem para com a Rússia.
“Uma das questões pode ser a dívida que Angola tem com a Rússia. Não se sabem bem os valores, quanto é que Angola deve à Rússia. Os interesses dos russos foram sabiamente prejudicados, não só do ponto de vista militar, mas como também do ponto de vista económico. A Rússia era parceira da terceira maior mina do mundo, a Rússia fez sérios investimentos, portanto, para ser colocada de fora a Rússia, naturalmente, vai ter que retalhar”, diz Manuel.
Tanto o ministro das relações exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, como o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, visitaram Angola.
Em Dezembro de 2013, o Presidente angolano, João Lourenço, foi recebido pelo seu homólogo americano, Joe Biden, na Casa Branca.
Matéria envida pela assessoria de comunicação da Presidencia da Republica de Angola