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Secretário-geral da ONU e Lula reúnem líderes mundiais para tratar da COP30

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizam, nesta quarta-feira, 23/4, um encontro virtual ĺíderes mundiais para tratar sobre questões relacionadas à mudança do clima. O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, também participa da reunião. 

“O grande impulso do Brasil durante esta preparação para a COP30 é a mobilização porque sabemos que o contexto internacional não é visto como favorável para as discussões e avanços em torno das mudanças do clima. Mas, acreditamos que há um grande desejo e um impulso muito forte para falar sobre as mudanças do clima. Portanto, acredito que esse diálogo será muito importante e faz parte desse compromisso do Secretário-Geral [da ONU], António Guterres e do presidente Lula de trabalharem juntos para garantir que haja um diálogo e uma mobilização mais intensa também de chefes de Estado rumo à COP30”, disse Corrêa do Lago, em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira, 22. 

O assessor especial de Guterres e secretário-geral adjunto da Ação Climática da ONU, Selwin Hart, atentou que a reunião procura fortalecer o engajamento dos líderes com a agenda da COP30, em meio às tensões geopolíticas. 

“A realidade é que precisamos do engajamento de líderes neste momento crítico. Os líderes que foram convidados são um grupo pequeno, mas representativo, de algumas das maiores economias do mundo. São países com importantes papéis de liderança regional, países que ocuparam co-presidências desde o Acordo de Paris e algumas das nações mais vulneráveis ​​ao clima do mundo. Este é um ano realmente importante para o avanço da agenda climática. É o aniversário de 10 anos do Acordo de Paris e também é o ano em que os países apresentarão suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs)”, explicou Hart, também durante conversa com jornalistas. 

Até o momento, apenas 19 países dos 196 signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) entregaram as NDCs com metas atualizadas. O prazo inicial era fevereiro, mas foi estendido até setembro, por ainda faltarem muitas entregas. As NDCs são as metas determinadas por cada país para reduzir a emissão de combustíveis fósseis – carvão, petróleo, gás natural – e limitar o aquecimento da terra a 1,5ºC, conforme determinado no Acordo de Paris. A expectativa é que, durante a reunião, também ocorra uma sensibilização para a importância de entregar as novas NDCs no prazo. 

“No cronograma, setembro parece estar emergindo como um momento em que muitos países apresentarão as NDCs. É claro que estamos pressionando alguns a se apresentarem antes mesmo disso. É importante que recebamos sinais de algumas dessas economias-chave. O Secretário-Geral [Guterres] foi questionado pelas partes na COP28 para convocar um evento especial de alto nível em setembro sobre as NDC e ele já sinalizou que fará isso para apoiar a criação de impulso, fornecendo, assim, uma plataforma para quaisquer anúncios, mas também para fazer um balanço de onde estamos e construir um diálogo político”, contou o assessor especial do secretário-geral da ONU.

Multilateralismo

A COP30 marca um momento de virada de chave para tratar da mudança do clima, como foco na mitigação e adaptação climática. A presidência brasileira tem o desafio de fazer resoluções mais propositivas e cobrar ações que ainda não foram implementadas. 

“É precisamente em momentos como este, em que temos divisões e incertezas, que precisamos de uma liderança global forte para avançar com clareza, coragem e colaboração. Esse foi o tipo de liderança que vimos há uma década, quando o Acordo de Paris e a Agenda 2030 foram finalizados, o que nos deu também os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). É um passo em direção à COP30, que será um momento absolutamente crucial para demonstrar ao mundo que o multilateralismo funciona, que a cooperação internacional funciona e que o Acordo de Paris continua sendo nossa maior esperança para enfrentar a crise climática”, refletiu o secretário-geral adjunto da Ação Climática da ONU.

Corrêa do Lago também destacou que a conversa com os líderes mundiais, sobre a COP30, deve enfatizar o desejo da presidência brasileira de gerar ações concretas como resultado da Conferência do Clima. 

“Temos dito o quão importante é mostrar ao mundo que as consequências dessas negociações são ações, resultados, exemplos e soluções. Portanto, é uma dinâmica diferente da anterior. Nada contra negociações, mas, como vocês sabem, elas já vêm ocorrendo há muitos anos. Mas, acho que, nesta fase, já negociamos o suficiente para mostrar mais ações. E acho que o público em geral espera isso para, ao menos, acreditar no processo. Como queremos fortalecer o multilateralismo, temos que mostrar que o multilateralismo não se trata apenas de documentos de negociação. Trata-se das consequências dos documentos que negociamos”, disse o presidente da COP30. 

A conversa que ocorre nesta quarta-feira é a primeira do ano, desta magnitude. Segundo Hart, outros encontros para tratar da COP30 e os compromissos climáticos devem ocorrer até a data da Conferência, que ocorre entre 10 e 21 de novembro, em Belém, no Pará.

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