Passageiros afirmam que a aeronave disponibilizada pelo governo norte-americano estava em condições precárias de voo.
Os brasileiros deportados dos Estados Unidos, que chegaram na noite deste sábado (25/1) ao Aeroporto Internacional de BH, em Confins, na Grande BH, relataram que a aeronave disponibilizada pelo governo norte-americano estava em condições precárias.
O avião desceu em Manaus e o voo para BH foi cancelado na sexta-feira por problemas técnicos.
O passageiro Kalebe Barbosa Maia, de 28 anos, estava há seis anos nos Estados Unidos e foi preso há seis meses. “Foi uma viagem muito difícil até chegar aqui no Brasil. Fomos muito humilhados pela imigração americana. Trataram a gente bem mal”, conta.
Ele diz que a aeronave estava em péssimas condições. “Parou no Panamá. Teve problemas técnicos, teve que viajar com um mecânico dentro do avião.”
O passageiro diz que, diante da situação, ele e os demais tomaram uma “atitude drástica”: abriram a porta de emergência e pediram socorro, quando a aeronave pousou no aeroporto de Manaus. “Eles agrediram a gente”, disse, enquanto mostrava uma marca no pescoço.
“O ar condicionado estragou. A turbina do avião falhando. As condições eram precárias. Foi um momento desesperador.” O passageiro conta que viu fumaça saindo de uma das turbinas da aeronave.
Pedido de socorro
Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos, morador de Vespasiano, na Grande BH, estava preso nos Estados Unidos há oito meses. “O pessoal de Manaus que recebeu a gente bem e acolheu. Eu tive que subir em cima da hélice para pedir socorro”. O passageiro conta que outros brasileiros chegaram a ser agredidos.
“Os americanos são hipócritas. Eles me falaram: ‘Que se dane seu governo. Se a gente quiser aqui, fecha a porta da aeronave, desce e mata vocês’. Foi que eles falaram” afirma.
Marcas vermelhas
O curitibano Mário Henrique Andrade Matheus, de 41 anos, tinha marcas vermelhas nos pulsos que, segundo relatou, foram causadas pelo agentes de imigração americanos que os acompanharam. Ele afirmou que, ao chegarem ao estado do Amazonas, os oficiais de imigração norte-americanos não quiseram deixá-los desembarcar, apesar de o ar condicionado estar desligado.
Isso fez com que passageiros, entre eles, mulheres e crianças, passassem mal, e que outras pessoas que estavam sendo deportadas começassem a se rebelar frente à situação. A indignação teria sido respondida pelos estrangeiros com socos e chutes.
“Nós permanecemos uma média de 48 horas com algemas travadas no pulso. Durante o voo, o avião apresentou defeito numa das turbinas, parou no Panamá e nós pedimos para tirar a gente do avião porque a gente sentiu que estava correndo risco dentro da aeronave. Eles não deixaram a gente sair. A aeronave ficou desligada durante quase três horas e nós sem ar condicionado. Pessoas desmaiando dentro do avião, fizemos força para sair. Eles agrediram algum dos meninos, aí todo mundo ficou quieto. Quando chegou em Manaus, aconteceu a mesma coisa. A aeronave parou de funcionar e ficamos sem ar condicionado sem nada de novo e tudo trancado. (…) As crianças passando mal, os meninos falando para tirar as crianças, botar para fora para receber o auxílio necessário, mas os agentes dos Estados Unidos não queriam deixar a gente sair e agrediram um dos meninos, derrubaram ele no chão e deram até um chute nele. Começou uma discussão e eles começaram a agredir os meninos algemados, bateram neles. Alguns fizeram exame de corpo de delito em Manaus”, narrou, ainda muito abalado.
Diversos passageiros afirmaram que, já em solo brasileiro, os agentes quiseram tirar as algemas antes de os policiais brasileiros entrarem. Em meio aos desentendimentos, os passageiros conseguiram abrir as portas e descer pela asa do avião.