A pesquisa tem como objetivo informar stakeholders, governos e instituições interessadas no tema sobre a importância da criação e promoção de políticas públicas culturais voltadas para soluções para a crise climática, incluindo a preservação dos bens culturais e a educação climática dos agentes públicos.
Eventos como o Acordo de Paris (2015) sobre a crise climática e a Declaração da Conferência Mundial sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável (2022), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) são marcos importantes no cenário internacional que avançam na compreensão da cultura, num sentido mais amplo do que a arte, como fator de transição ecológica. Da mesma forma, o movimento político para a criação de um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a Cultura está crescendo.
Essas são algumas das conclusões da pesquisa “Cultura e Clima”, um dos primeiros estudos no Brasil a estabelecer essa conexão, com a elaboração do “C de Cultura” e “Outra Onda Conteúdo”, com o apoio técnico do Instituto Veredas. A apresentação de hoje (7) faz parte da agenda do Seminário Internacional de Cultura e Mudanças Climáticas, evento paralelo ao Grupo de Trabalho sobre Cultura (GT) que se reúne esta semana em Salvador, na Bahia. A pesquisa, que inclui mais de 120 publicações, é uma síntese de evidências sobre o tema para informar as partes interessadas e instituições, especialmente com a oportunidade de advogar na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
“Estamos experimentando cada vez mais eventos climáticos extremos e precisamos pensar rapidamente sobre como nos organizar sobre eles. É uma grande preocupação que temos, e é por isso que a pesquisa foi realizada. Precisamos refletir a partir dos nossos territórios, do nosso conhecimento, com as pessoas que vivem no nosso país, para determinar quais adaptações faremos e quais conhecimentos e políticas desenvolveremos para alcançar um melhor impacto e maior adaptação”, disse Mariana Resegue, diretora executiva da C de Cultura.
A publicação aponta que ainda há pouco potencial para institucionalização de políticas que agrupem essa questão e a apresentação dos resultados em um seminário que antecede a reunião dos ministros da Cultura das maiores economias do mundo é uma oportunidade importante. Outra conclusão destacada pelo documento é a relevância dos povos indígenas como detentores de conhecimento sobre a agenda, embora enfrentem desafios sistêmicos de invisibilidade e exclusão da participação social. A proximidade com o território e seus atores como chave para a conscientização também está entre os resultados.
Na abertura do Seminário, na segunda-feira (4), o ministro dos Povos Indígenas já havia enfatizado esse ponto. “Não podemos enfrentar essa crise climática se não protegermos as culturas, essa diversidade que temos no Brasil. Estes vão além das manifestações culturais. E nós, os povos indígenas, somos parte da solução para mitigar as mudanças climáticas. Representamos 5% da população mundial e protegemos 82% da biodiversidade global. Este Seminário, assim como a cúpula do G20 no Rio de Janeiro neste mês, será mais uma oportunidade para reconhecer o papel dos povos indígenas na preservação do planeta”, disse Sonia Guajajara.
“O importante neste momento é como adaptar os diferentes conhecimentos, as diferentes experiências, ao longo das mudanças climáticas que estamos vivendo. Este é um grande desafio que ainda não começou; estamos atrasados, ainda não há políticas suficientes para isso em termos globais, mas a discussão está em andamento e a cultura tem que fazer parte dessa conversa”, disse Eduardo Carvalho, fundador da Outra Onda Conteúdo, sobre a urgência de se atentar à cultura ao considerar o meio ambiente e os impactos das mudanças climáticas.
O Seminário encerrou suas atividades na quinta-feira (7). Amanhã, no Centro de Convenções, em Salvador, acontecerá a Reunião Ministerial sobre Cultura, a última antes da Cúpula de Líderes no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 deste mês.
Materia envida pela Coordenação de Imprensa do G20 no Brasil
