Nadador mineiro de 22 anos e veterana do atletismo, de 59, foram confirmados como representantes do país. Cerimônia no centro da capital francesa vai reunir atletas de 184 países.
Um talento da nova geração da natação e uma veterana do atletismo. Ambos campeões mundiais. Ambos medalhistas de ouro. O mineiro Gabriel Araújo e a paulista Beth Gomes serão os porta-bandeiras da delegação brasileira na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos, agendada para a próxima quarta-feira, 28 de agosto, em Paris. As duas modalidades são as que reúnem o maior número de pódios para o Brasil na história dos Jogos: 170 no atletismo e 125 na natação.
Fiquei muito feliz, emocionado. Uma honra máxima ter a oportunidade de estar numa Paralimpíada, de estar numa abertura e de carregar a nossa bandeira. Quando soube, o coração estava meio que gritando, doido para sair pulando e contando para todo mundo”
Gabriel Araújo, campeão mundial e dos Jogos Paralímpicos na natação
“Fiquei muito feliz, emocionado. Uma honra máxima ter a oportunidade de estar numa Paralimpíada, de estar numa abertura e carregar nossa bandeira. Quando soube, o coração estava meio que gritando, doido para sair pulando e contando para todo mundo”, brincou Gabriel, 22 anos, ouro nos 200m livre e nos 50m costas nos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2021, na classe S2. “Vou realizar um sonho: representar os atletas, a nação, num momento mágico e único, onde poucos e grandes atletas tiveram essa oportunidade”, completou Gabrielzinho, como é conhecido o mineiro de Santa Luzia, que nasceu com focomelia, doença congênita que impede a formação habitual de braços e pernas.
A paulista Beth Gomes, de 59 anos, tem ampla história de conquistas no atletismo da Classe F53, com destaques para o ouro no lançamento de disco nos Jogos de Tóquio e os títulos mundiais na mesma prova e no arremesso de peso em Paris, no ano passado.
“Quando me falaram que eu seria a representante para conduzir o pavilhão do nosso querido Brasil na abertura, só chorei e chorei. Confesso que não estava imaginando. Representa muito na minha vida. São quase 30 anos de esporte paralímpico. Vou levar comigo como um legado”, resumiu Beth, que era jogadora de vôlei em 1993, quando foi diagnosticada com esclerose múltipla.
IMPECÁVEL – Para o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, Gabriel e Beth são dois dos grandes nomes que o Brasil leva a Paris depois de um ciclo que ele qualifica como ‘impecável’. “Eles tiveram resultados esportivos e aproveitamento impressionantes nas principais competições desde o fim dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Eles dão forma àquilo que o CPB trabalhou e acreditou nos últimos três anos. Temos a certeza e a tranquilidade de que eles orgulharão os compatriotas quando entrarem na Champs-Élysées empunhando o pavilhão brasileiro”, disse Mizael Conrado, que foi bicampeão paralímpico no futebol de cegos em Atenas 2004 e Pequim 2008.
BOLSA ATLETA – Gabriel e Beth são integrantes do Bolsa Atleta, o programa de patrocínio direto do Governo Federal. Dos 280 atletas brasileiros em Paris em 20 modalidades, 274 integram a iniciativa do Ministério do Esporte (97,8%). Dos seis que não fazem parte atualmente, quatro já estiveram em editais anteriores. Os outros dois são guias, que correm ao lado de atletas com deficiência visual. O primeiro edital do Bolsa Atleta em que atletas-guia puderam ser contemplados foi o de dezembro de 2023, após a aprovação da Lei Geral do Esporte.
Quando me falaram que eu seria a representante para conduzir o nosso pavilhão, só chorei, chorei. Representa muito na minha vida. São quase 30 anos de esporte paralímpico, acho que vou levar comigo como legado”
Beth Gomes, campeã mundial e dos Jogos Paralímpicos no atletismo
CORAÇÃO DA CIDADE – Assim como ocorreu nas Olimpíadas, a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos terá um padrão diferente de tudo o que já foi feito em megaeventos esportivos. Os seis mil atletas que representam 184 nações serão convidados a um desfile pelo centro de Paris, fora de um estádio. O desfile passará pela Champs–Élysées e seguirá até a Praça da Concórdia, uma das regiões mais visitadas na capital francesa.
“Estou ansioso para mostrar esse espetáculo que transformará o coração de Paris, com performances nunca vistas antes. Um show que vai destacar os atletas paralímpicos e os valores que representam, e que unirá espectadores em todo o mundo ao redor do espírito único dos Jogos Paralímpicos”, afirmou o diretor artístico da cerimônia, Thomas Jolly.
ACESSIBILIDADE – Depois do desfile, haverá um bloco artístico e com as cerimônias protocolares e institucionais na Praça da Concórdia. O Comitê Paralímpico Internacional trabalhou com o grupo de cerimônias para garantir que a acessibilidade universal e os conceitos de inclusão sejam incorporados em todos os aspectos, para que atletas, participantes e espectadores possam desfrutar de uma experiência livre de barreiras.
ILUMINISMO – Situada entre a Champs-Élysées e os Jardins das Tulherias, a Praça da Concórdia conecta edifícios e monumentos icônicos à história da França. Criada no período do Iluminismo, representa o legado filosófico, literário e cultural do movimento. “A cerimônia é um forte símbolo da nossa ambição de aproveitar os Jogos para posicionar a questão da inclusão no centro da sociedade”, afirmou Tony Estanguet, presidente do Comitê Paris 2024.
EXPECTATIVA – “Os Jogos Paris 2024 serão uma vitrine excepcional para celebrar o esporte paralímpico aos olhos de todo o mundo”, resumiu Jitske Visser, medalhista paralímpica de basquete em cadeira de rodas e presidente da Comissão de Atletas do Comitê Paralímpico Internacional. “Orgulho e ansiedade: esses são os sentimentos diante do conceito para esta Cerimônia de Abertura”, comentou Perle Bouge, medalhista paralímpica de remo e integrante da Comissão de Atletas de Paris 2024.
MEDALHAS – O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. São 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes. As três modalidades que mais garantiram pódios são, além do atletismo (170 medalhas), a natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e o judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes).
Matéria envida pela assessoria de Comunicação do Ministerio do Esportes