sábado, 27 julho, 2024

México rompe relações com o Equador após invasão policial à embaixada em Quito

Tensão aumentou após México conceder asilo político ao ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas

O México rompeu relações diplomáticas com o Equador.

A decisão foi comunicada após a polícia invadir a embaixada mexicana em Quito e prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

Após o México conceder, nesta sexta-feira (5), asilo político ao ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas, a polícia equatoriana invadiu a embaixada mexicana em Quito e prendeu o político.

O gesto tensiona ainda mais as relações após a expulsão da embaixadora mexicana em Quito por comentários do presidente Andrés Manuel López Obrador.

O Equador havia classificado como “ilegal” o asilo concedido a Glas, pois o ex-vice-presidente é requerido por suspeita de peculato e as convenções internacionais ditam que esse instrumento de proteção não se aplica para crimes comuns.

Em reação, obrador ordenou a suspensão das relações diplomáticas com o Equador. Ele disse que o governo equatoriano, liderado por Daniel Noboa, cometeu “uma violação flagrante do direito internacional e da soberania do México”, fazendo referência ao artigo 31 da Convenção de Viena, que estabelece que as embaixadas são invioláveis.

Glas estava refugiado na embaixada do México no Equador desde 17 de dezembro para evitar um mandado de prisão e o governo do presidente Daniel Noboa reiterou nesta sexta-feira que não expedirá o salvo-conduto necessário para que ele possa deixar o país.

Ao anunciar a proteção a Glas, o Ministério das Relações Exteriores mexicano assegurou que, segundo uma convenção de 1954, o Estado que concede o asilo é o “único com autoridade exclusiva para qualificar a natureza da perseguição” política, e o Equador está obrigado a expedir a permissão de saída se assim for solicitado pelo México.

O anúncio da concessão de asilo aconteceu um dia depois que o governo do Equador declarou “persona non grata” a embaixadora mexicana Raquel Serur e ordenou sua saída do país. Serur será retirada em um avião militar mexicano e uma delegação ficará responsável pela embaixada.

Os dois governos descartaram romper relações, mas o asilo a Glas abre uma nova frente de conflito após os comentários de López Obrador sobre violência política que motivaram a expulsão de sua embaixadora.

De fato, ao anunciar o asilo, o Ministério das Relações Exteriores mexicano denunciou, em um comunicado, que sua embaixada em Quito sofre um “claro assédio” pela presença de policiais e militares em seus arredores desde quinta-feira.

“Assim são os ‘fachos’ [fascistas]”, disse López Obrador sobre isso nesta sexta em sua habitual entrevista coletiva, na qual reiterou as polêmicas afirmações e lembrou que o direito internacional proíbe revistas de embaixadas.

Por sua vez, a chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, reconheceu, em entrevista a uma emissora de rádio, que, com o aumento da vigilância no edifício, o governo busca “mostrar seu protesto e rechaço às declarações” do presidente mexicano.

‘Ambiente contaminado’

A crise diplomática teve início na quarta-feira, quando López Obrador levantou um paralelo entre a violência que marcou a campanha presidencial equatoriana de 2023, durante a qual o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado, e a criminalidade registrada no México antes das próximas eleições de 2 de junho.

Segundo o mandatário mexicano, o crime de Villavicencio criou um “ambiente contaminado de violência” que, somado à “manipulação” por parte de alguns meios de comunicação, provocou a queda nas pesquisas da candidata de esquerda Luisa González e a ascensão de Noboa, que foi o ganhador.

Duro crítico do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), Villavicencio era conhecido por suas denúncias sobre o fortalecimento do narcotráfico à sombra do poder.

O governo de Noboa considera que os comentários do presidente mexicano “ofendem o Estado equatoriano”, pois o país ainda está de “luto”. Sete pessoas detidas pelo assassinato de Villavicencio foram mortas na prisão.

López Obrador advertiu hoje que o México pode vivenciar uma situação similar à do Equador na atual campanha eleitoral. A candidata da situação, Claudia Sheinbaum, lidera confortavelmente as pesquisas, à frente dos candidatos de centro-direita, Xóchitl Gálvez, e centro, Jorge Álvarez Máynez.

Desde outubro, quando começou o processo para as eleições de junho, foram assassinados no México ao menos 15 pessoas entre candidatos e pré-candidatos a cargos regionais, segundo o governo.

Defesa do asilo

Jorge Glas, que foi vice-presidente de Correa, cumpriu pena pelo escândalo de propinas da Odebrecht, mas enfrenta outro mandado de prisão por supostamente desviar fundos destinados a trabalhos de reconstrução após um terremoto em 2016.

O ex-vice-presidente e o próprio Correa garantem que se trata de uma perseguição política. O ex-mandatário, que ainda é bastante popular em seu país, foi condenado a oito anos de prisão por corrupção e inabilitado politicamente. Ele vive exilado na Bélgica, país de origem de sua esposa

O México já havia rejeitado uma solicitação do Equador para permitir a captura de Glas na embaixada.

Nesta sexta, López Obrador fez uma defesa ferrenha da instituto do asilo no México, apontando que, no passado, salvou a vida de muitos latino-americanos perseguidos por ditaduras.

 Nos últimos anos, o país concedeu asilo ou refúgio a vários ex-colaboradores de Correa.

Matéria envida pela assessoria de Comunicação da embaixada do Mexico no Equador

Isaias Dutra
Isaias Dutra
Jornalista Isaias Dutra e editor Chefe do Gazzeta Paulista
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