quarta-feira, 18 setembro, 2024

Quem é o bolsonarista que “vende” modelo de escola cívico-militar

Capitão Davi Lima Sousa é suplente de deputado federal pelo PL e preside entidade que tem R$ 11 milhões em contratos com prefeituras.

Nome conhecido entre os defensores das escolas cívico-militares, o Capitão Davi Lima Sousa é figura frequente nos gabinetes de políticos do país. Nas redes sociais, ele tem fotos com deputados estaduais e federais, vídeos com prefeitos de diferentes cidades, e aparece em imagens ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-ministro da Defesa e da Casa O trânsito entre os políticos não é à toa. O próprio capitão já disputou duas eleições. Em 2018, quando carregava a patente de tenente do Exército, o militar tentou uma vaga de deputado do Distrito Federal pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), mas terminou o pleito com 1.803 votos e o posto de suplente.

Em 2022, seu nome voltou a aparecer nas urnas, já com o título de capitão, e desta vez como candidato a deputado federal pelo PL, mesmo partido de Bolsonaro. Outra vez, o militar saiu da disputa com a vaga de suplente depois de receber 3.826 votos.

Capitão Davi não é suplente de um deputado específico, mas sim da coligação que o elegeu — para os cargos eleitos pelo sistema proporcional, como o dos deputados, a regra é que os suplentes serão os candidatos mais bem votados do partido ou da coligação logo depois daqueles efetivamente vitoriosos nas urnas.

Nas duas eleições que disputou, a principal bandeira do candidato foi a militarização das escolas no país.

Em 2019, em meio ao surgimento do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (PECIM), durante o governo Bolsonaro, Capitão Davi criou a Associação Brasileira da Educação Cívico-Militar (Abemil) e passou a oferecer os serviços da entidade sem fins lucrativos para prefeituras de várias cidades do país como forma de viabilizar a implantação do modelo nos colégios municipais.

No lobby para vender o formato, o militar, que é presidente da entidade, participa pessoalmente de audiências públicas e faz reuniões com vereadores e prefeitos. O site da associação chega a mostrar o passo a passo para que ela seja contratada pelos governos municipais. Como mostrou o Gazzeta Paulista, a receita tem rendido cifras milionárias à entidade: em cinco anos de existência, a Abemil já soma R$ 11 milhões em termos assinados sem licitação com pelo menos 10 prefeituras.

As parcerias firmadas deixam a cargo da associação, por exemplo, a seleção dos militares que vão atuar nas escolas e a fiscalização das regras de conduta que os estudantes devem seguir. Nas redes sociais, Capitão Davi defende o modelo aplicado pela Abemil como uma forma de combater o que ele chama de “ideologia” nas escolas.

Na última semana, o militar divulgou um vídeo em que um grupo de crianças aparece cantando uma música pró-Palestina para defender a militarização das escolas.

“Eles, na verdade, só querem que seu filho seja uma peça do tabuleiro ideológico deles. Por isso, temem o grande avanço das Escolas Cívico-Militares. Vamos cuidar bem de nossos filhos”, disse o militar na publicação. A imagem compartilhada, no entanto, não foi gravada em um colégio.

Bolsonarista aguerrido, Capitão Davi frequentemente usa suas redes para convidar seguidores a participarem de atos a favor do ex-presidente, e fez campanha para ele nas duas últimas eleições, com direito a participação em uma caravana que buscava angariar votos para a reeleição de Bolsonaro. Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito, o militar tem publicado uma série de recortes de vídeos com críticas ao petista.

Redação Gazzeta Paulista
Redação Gazzeta Paulista
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